Napoleão é definitivamente derrotado em Waterloo

Batalha marcou fim da Era Napoleônica; França foi derrotada por ingleses ajudados por prussianos


Quadro de Clément-Auguste Andrieux, de 1852, do confronto que marcou o fim das guerras no estilo século XVIII

A epopeia napoleônica de duas décadas termina em 18 de junho de 1815 em Waterloo, alguns quilômetros ao sul de Bruxelas, então parte integrante do Reino Unido dos Países Baixos.

Onze meses depois de sua partida para o exílio na ilha de Elba, onde desempenhara o papel de um rei de opereta, Napoleão Bonaparte retoma, em 20 de março de 1815, seu palácio nas Tulherias em Paris.

De volta ao poder, o imperador reúne às pressas 128 mil veteranos, ou seja, cerca da metade de todo o exército francês. Resolve atacar os ingleses e os prussianos na Bélgica, antes que fossem reforçados por tropas austríacas e russas.

Napoleão penetra na Bélgica à frente de suas tropas em 15 de junho e atravessa o rio Sambre e a região de Charleroi, tendo em vista se posicionar entre os dois exércitos inimigos. Contra os prussianos do marechal-de-campo Blücher, envia seu flanco direito comandado pelo general Grouchy. Contra os ingleses do Duque de Wellington, envia sua ala esquerda comandada pelo marechal Ney. Ele mesmo se coloca em prontidão para prestar socorro as suas duas alas.

Os prussianos são derrotados em 16 de junho em Ligny, localizada entre Charleroi e Namur. Os germânicos se retiram ordenadamente. Napoleão determina que Grouchy os persiga com 33 mil homens a fim de impedir sua junção com os ingleses.

No dia seguinte, os ingleses se retiram em direção ao norte e se aferram solidamente sobre o planalto de Mont-Saint-Jean, ao sul do vilarejo de Waterloo.

Enfim chega o confronto fatal. O solo encontrava-se encharcado devido a uma violenta tempestade na véspera e a artilharia francesa mal podia se deslocar. O ataque teve de ser adiado até o final da manhã.

 

Foto:

As defesas inglesas mostraram uma temível eficácia e seus canhões fizeram estragos nas linhas francesas. Hesitante quanto a tática a adotar, Napoleão decide direcionar seu ataque contra o dispositivo central do inimigo.

Por volta das 16h, o marechal Ney ocupa a Haie-Sainte, diante do bloco central das tropas inglesas. Wellington finge estar recuando. Sem tardar, Ney carrega, à frente de sua cavalaria, contra as primeiras fileiras do inimigo.

Duque de WellingtonO dispositivo britânico resiste ao choque inicial. A cavalaria do marechal Kellermann, chefe dos corpos de cavalaria, não é bem-sucedida em rompê-lo.

No final do dia, uma força prussiana – o que restou de seu exército – comandada pelo general Gebhard von Blücher investe inesperadamente sobre o flanco do exército francês à espera de seu comandante Grouchy.

É a debandada aos gritos de “traição!”. A Guarda Imperial, corpo de elite do exército francês, não escapa do destino comum de seus camaradas, com exceção de dois batalhões de granadeiros, entre eles o comandado pelo general Cambronne, que se posiciona em forma de flecha disposto a enfrentar os atacantes. À frente de seus soldados pronuncia o lema, jamais confirmado pelos historiadores, “A Guarda morre mas não se rende !”.

Napoleão abandona rapidamente o campo de batalha, deixando o comando a seu irmão Jérôme, retornando a Paris para tentar salvar o seu trono.

O balanço das baixas no curso da jornada de 18 de junho foi estimada em 40 mil franceses mortos, feridos ou desaparecidos; 15 mil ingleses e 7 mil prussianos. Contudo, esse balanço não era absoluto porquanto ocorreram numerosas deserções ao longo das batalhas.

Waterloo marcou o fim da epopeia napoleônica. Foi também a última grande batalha “estilo século XVIII”.

Meio século mais tarde, na Crimeia, na Itália e nos Estados Unidos viriam batalhas extremamente mais sangrentas e mortíferas, no barro das trincheiras e sob o fogo de metralhadoras, prefiguração das batalhas do século XX.

Wikimedia Commons

Reconstituição da Batalha de Waterloo em junho de 2010

O local da batalha é hoje em parte protegida pela urbanização galopante das periferias de Bruxelas.

Em seu centro, pode-se notar um túmulo artificial, o Monte do Leão (Butte du Lion), erguido entre 1823 e 1826 no local presumido da última batalha onde o futuro rei dos Países Baixos foi ferido. Do alto da colina pode-se divisar o conjunto do Campo de Batalha de Waterloo, que permanece intacto.

No topo dos 226 degraus surge um leão em metal fundido, símbolo da vitória aliada. De modo prematuro e temerário ele “anuncia a paz que a Europa conquistou nas planícies de Waterloo”.

Dois museus valem a pena ser visitados : o Museu Wellington em Waterloo e o Museu de Ligny.

Todos os anos, milhares de apaixonados pela História e de nostálgicos do imperador Napoleão Bonaparte se reúnem no campo de batalha de Waterloo para uma variedade de espetáculos em que se destaca a reconstituição da célebre batalha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *