– Com quem?
– Com o Léo.
– Fazendo o quê?
– Traindo você, como sempre.
– Mentira! Você estava é comprando triplex escondido, que eu sei.
– Luís, você me respeite. Veja se eu sou mulher que compra triplex escondido do marido!
– Você não me engana mais com essa história de adultério.
– Eu juro pela Rose que eu estava era traindo você!
– Você disse a mesma coisa quando mandou comprar aquele terreno pro meu instituto, e eu, idiota, acreditei.
– Ok, você quer a verdade, Luís?
– Toda a verdade, doa a quem doer. Você sabe que eu odeio mentira.
– Tudo bem. Você pediu. Eu nunca te traí.
– Eu sabia! Sua mentirosa, dizia que estava me traindo e na verdade estava fazendo transações imobiliárias…
– Não só transações imobiliárias. Eu também atuava na área petroquímica.
– Marisa!
– Mandei construir a refinaria de Abreu e Lima, junto com o Hugo Chávez.
– Mas você me dizia que o Hugo Chávez era só uma transa eventual…
– Mentira. Éramos parceiros comerciais.
– Não me diga que o Bittar também não era seu amante!
– Não era. Negociei com ele a compra do sítio em Atibai…
– Pára! Não quero ouvir mais nada! Quer dizer que todas as traições esses anos todos eram só uma desculpa para encobrir suas atividades junto a grandes empresários, testas de ferro e líderes bolivarianos?
– Sim, Luís. Eu e Fidel nunca tivemos nada. Foi tudo pelo porto de Mariel.
– Não! O que eu fiz a Deus para merecer isso? Minha própria esposa, uma… uma… lobista e empreendedora internacional!
– E não só. Eu também sou capitalista.
– Não repita isso, Marisa!
– Ca pi ta lis ta. Sabe aquelas palestras gratuitas que você dava para melhorar as condições do proletariado na África? Eu cobrava milhões por elas.
– Não!
– Sim.
– Marisa, como você pôde fazer isso comigo? E todos os que votaram em mim, o que vão pensar agora?
– Tem isso também. Eu trapaceei. Comprei horário na TV, comprei voto e enchi de grana de caixa 2 o rabo dos marqueteiros. Aquela eleição que você acha que ganhou… ela foi comprada por mim.
– Marisa, eu quero o divórcio.
– E tem também a Dilma.
– Não me diga que você não tinha um caso com a Dilma!
– Não, não tinha. Fui eu que a indiquei para a presidência, e, antes que você pergunte, sim, eu tenho influência no PT.”
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– E foi assim, doutor Sérgio. Exatamente assim que eu descobri tudo. O senhor me dá agora um abatimento na pena? Posso ficar em prisão domiciliar no meu sítio em… quer dizer, no sítio de uns amigos? E posso usar a tornozeleira no pulso? É que eu sinto uma falta do rolex…
Eduardo Affonso
Fonte: www.jornaldacidadeonline.com.br