O surto do Imperador: Neste dia, em 180 D.C, Cômodo – o filho insano de Marco Aurélio – assumia o Trono Romano

Entre seus hábitos favoritos, o povo se deparava com um imperador que matava animais e gladiadores feridos nas arenas

Daniela Bazi
Ilustração do imperador Cômodo com a armadura inspirada em Hércules
Ilustração do imperador Cômodo com a armadura inspirada em Hércules – Wikimedia Commons

Filho de Marco Aurélio e Faustina, a Jovem, Commodus nasceu em 161 d.C., e tornou-se co-imperador do Império Romano, ao lado de seu pai, em 176, participando da guerra contra a tribo germânica dos Marcomanos, até sua morte em 180 d.C. Ele foi o primeiro a assumir o cargo por linhagem sanguínea, enquanto seus antecessores subiram ao trono por adoção.

Com apenas 18 anos, decidiu encerrar a guerra criada por seu pai e fez um tratado de paz com os povos germanos, indo totalmente contra os apoiadores de Marco Aurélio e causando uma grande insatisfação à elite romana, no qual passou a entrar em atritos desde muito cedo.

Entre uma de suas formas favoritas de diversão, estavam os espetáculos violentos. Seu insólito gosto teria começado aos 12 anos, quando ordenou que um de seus criados fosse queimado vivo após preparar um banho quente. Em um dos episódios, os outros criados teriam enganado o jovem, ao despejar o corpo de um animal ao invés do servo. Cômodo teria ficado por um bom tempo em frente ao fogo apreciando o cheiro de carne queimada. Entretanto, a situação se agravaria.

Arena de combates realizadas por Cômodo/ Crédito: Wikimedia Commons

 

Gladiador insano

No ano de 182 d.C., o político descobriu a primeira conspiração que tinha como objetivo determinar a sua morte, planejada por seu primo Marcus Ummidius Quadratus, e sua irmã, Lucilla. Assim, ambos acabaram sendo executados. Após esses e muitos outros episódios de total sadismo, o imperador despertou a ira da oposição.

Tendo o senado contra o seu governo, Cômodo tentou ganhar a confiança em seu governo utilizando o carisma religioso e pessoal, através da realização de importantes empréstimos a religiões orientais, e promovendo o culto ao Deus Júpiter (Zeus, na mitologia grega), que representaria os deuses estrangeiros.

Devido a grande devoção ao culto de Hércules, que era um dos filhos de Júpiter, o imperador também se apresentou como gladiador no anfiteatro, e impôs que fosse adorado como uma reencarnação do herói grego, se autodenominando Hércules Romanus. E seguiria com o personagem até o fim.

Estátua do Imperador / Crédito: Wikimedia Commons

 

Em 192, Commodus passou a organizar uma série de combates de gladiadores, no qual era um grande admirador. As lutas tiveram a duração de duas semanas. Em um dos episódios, até chegou a participar de algumas, carregando armaduras e armas que remetiam a Hércules. Sua obsessão pelo filho de Zeus era tanta, que chegou a, inclusive, aparecer no senado utilizando essas roupas.

Em seus últimos anos de vida, Cômodo passou a ter o costume de ir à arena e matar com suas próprias mãos todos os animais e gladiadores que se encontravam feridos. O imperador teria participado de, pelo menos, 700 combates, deixando o povo Romano perplexo ao perceberem que o líder apreciava o hábito de se rebaixar ao nível de um escravo e atuar como um gladiador em lutas nas arenas.

Nas batalhas, os senadores eram convocados para prestigiá-lo, onde deveriam dizer “Sois o senhor e sois o primeiro! De todos os homens afortunados, sois o vencedor!”.

Tratar de assuntos do Governo e do Império, no entanto, não era algo que o imperador gostava. Com o avanço de seu reinado, Commodus passou a viver menos em Roma e mais em suas propriedades na região de Lanúvio, tendo uma vida em que era uma festa constante e armazenando um harém de 300 mulheres e 300 homens.

O plano final

Apesar de tudo, mesmo sem se interessar por assuntos políticos, designou para o exército e suas províncias pessoas capacitadas e com bons conhecimentos de administração. Além disso, organizou tropas que faziam a exportação de trigo para o Egito, que era a principal base de abastecimento da plebe romana.

Com a continuidade de suas crueldades, uma de suas concubinas favoritas chamada Márcia, junto de Electus, Conselheiro da Corte, e Quintus Aemilius Laetus, Prefeito da Guarda Pretoriana, acabaram organizando um plano para matar Commodus.

No dia 31 de dezembro de 192 d.C., o imperador romano foi estrangulado durante seu banho pelo gladiador Narcissus, e logo após enterrado no mausoléu de Adriano.

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