Em nota divulgada nesta segunda-feira (23), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Pernambuco, criticou o grupo de 34 juízes que assinaram um manifesto contra cursos antirracistas promovido pela Associação dos Magistrados do Estado de Pernambuco (Amepe). Os magistrados classificam o movimento antirracista uma “infiltração ideológica” no documento.
Ao menos 4 juízes deixaram a associação, que promoveu o curso online “Racismo e suas Percepções na Pandemia” e distribuiu a cartilha “Racismo em Palavras”, com termos preconceituosas muitas vezes usados em documentos oficiais do judiciário.
“O debate sobre o racismo estrutural não pode ser reduzido a uma ‘pauta ideológica’. Trata-se de uma pauta humanística, fundamental para o exercício da nobre (e difícil) missão de julgar os semelhantes”, diz a nota da OAB-PE.
Para a associação de advogados, o tema deve ser discutido em todos os ambientes “visando a eliminação de toda e qualquer forma de discriminação”.
“Entendemos que a questão do racismo deve ser discutida em todos os ambientes e sempre que necessário. Somente trazendo o tema à tona é que poderemos combatê-lo, nos valendo do lema que intitula livro da professora Robin DiAngelo: “Não basta não ser racista – Sejamos antirracistas”, diz o texto.
Leia a nota na íntegra:
Nota Pública – sobre a manifestação de um grupo de juízes quanto à realização de eventos antirracistas pela Amepe
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Pernambuco, por meio da sua Diretoria, em respeito à sua missão de defensora dos valores constitucionais, vem a público expressar a sua preocupação com um manifesto, subscrito por 34 magistrados(as) e divulgado pela imprensa, onde se critica a promoção, pela Associação dos Magistrados de Pernambuco (AMEPE), do curso online “Racismo e suas Percepções na Pandemia” e da publicação da cartilha “Racismo em Palavras”, voltados para a magistratura, sob o fundamento de que ditas atitudes importam em apoio a “correntes ideológicas”.
O debate sobre o racismo estrutural não pode ser reduzido a uma “pauta ideológica”. Trata-se de uma pauta humanística, fundamental para o exercício da nobre (e difícil) missão de julgar os semelhantes.
Entendemos que a questão do racismo deve ser discutida em todos os ambientes e sempre que necessário. Somente trazendo o tema à tona é que poderemos combatê-lo, nos valendo do lema que intitula livro da professora Robin DiAngelo: “Não basta não ser racista – Sejamos antirracistas”.
Desta forma, a OAB/PE manifesta o seu apoio à promoção de eventos com a pauta antirracista pela AMEPE e, ao mesmo tempo, conclama toda a comunidade jurídica ao debate da pauta em tela visando a eliminação de toda e qualquer forma de discriminação, colocando-se à disposição para a promoção de ações conjuntas de combate ao racismo estrutural.
Recife/PE, 22 de novembro de 2020.
DIRETORIA DA OAB-PE