Os governadores do Nordeste e a reforma previdenciária

Em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), reitera que os governadores do Nordeste chegaram a um consenso em relação à reforma da previdência.

Eles são a favor da reforma, porém de uma reforma “que não penalize os pobres”. Eles reprovam o sistema de capitalização, em que cada segurado contribui para a sua própria aposentadoria, pois eles “só beneficia os bancos” que vão ferir esses recursos, e contra mudanças nas regras da aposentadoria rural e do benefício de prestação continuada.

Nós nos comprometemos que se esses pontos fossem retirados do projeto, nós aprovaremos a reforma., disse o governador, que é filiado ao PT.

Preocupação justa dos governadores com a defesa da parte mais vulnerável da população. Mas se todos raciocinarem dessa forma, o projeto será desfigurado e a reforma irá para o espaço.

Está comprovado que há milhares de trabalhadores rurais que se aposentaram sem ter direito ao benefício, valendo-se apenas de uma declaração do sindicato rural do seu município. Por isso, há que se ter muito cuidado com o debate desse item no Congresso Nacional.

Com relação ao sistema de capitalização, para comprovar que ele resultou num grande fracasso, basta mandar uma comissão de parlamentares ao Chile para observar como funciona o de lá, implantado pela ditadura de Augusto Pinochet. A maioria dos aposentados recebe menos que um salário mínimo.

À época, inclusive, o ministro Paulo Guedes (Economia) dava aulas numa Universidade de Santiago após concluir seus estudos em Chicago (EUA).

Quanto ao benefício de prestação continua, pode-se chegar a um meio termo, mantendo-se algum tipo de ajuda aos miseráveis a aos deficientes físicos que, comprovadamente, não têm condições de trabalhar.

O que não vale no debate dessa reforma é a imposição. Ou seja, eu só voto a favor do projeto se o governo excluir este ou aquele ponto do projeto.

O governo já deu sinais de que aceita negociação, mas isso tem que ser feito de uma forma que o projeto não seja desfigurado. Ou, do contrário, não teremos reforma alguma, o que tornaria o Brasil a forte candidato a virar uma nova Grécia, onde três anos atrás os aposentados iam aos caixas dos bancos sacar seus benefícios e só podiam tirar 50 euros. (Inaldo Sampaio)

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