Ovos e ossos: a fome volta na vida dos brasileiros

Há dois anos, 10 milhões de brasileiros passavam fome. Hoje, são 20 milhões. A fome era um problema que havia sido controlado nos governos Lula e Dilma, mas desde 2016, este drama só cresce

Prato vazio
Prato vazio (Foto: Reprodução)

A descrição sobre o que é a fome feita por Carolina Maria de Jesus no livro Quarto de Despejo, escrito na década de 1950, volta à tona hoje depois que o problema havia sido em boa parte controlado durante os governos do PT. Desde 2016, a insegurança alimentar no Brasil voltou a ser um alerta constante de organizações que atuam na área, inclusive das Nações Unidas.

Nesta semana, a notícia de que um açougue em Cuiabá, capital do Mato Grosso do Sul, formava filas para doar ossos deu amplitude para a gravidade do problema. Os ‘ossinhos’ – parte mais barata do boi – trazem ainda um resto de carne grudada e torna-se quase que a única opção de proteína para os pobres consumirem em tempos de preço altíssimo nos alimentos. A outra opção – mas não para todos – é o ovo.

Em dois anos, a população que passa fome no País sofreu um avanço assustador: de 10 para 20 milhões de pessoas. Algumas delas frequentam diariamente as Cozinhas Solidárias, iniciativa do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) espalhada nas periferias de São Paulo. Boa parte da fila é formada por mulheres e seus filhos – maioria de mulheres negras, assim como a fila do açougue em Cuiabá.

A TV 247 esteve em duas dessas cozinhas, no Grajaú e no Iguatemi, extremos das zonas sul e leste da capital, respectivamente. “A fome é uma coisa que te mata de dentro para fora, é uma doença terrível que talvez fosse curada com um prato de comida, mas que você não tem essa comida”, relata Katy Oliveira, uma das personagens da matéria. Vanessa Silva conta que, com fome, fica fraca e não consegue cuidar dos filhos. Se ela pudesse escolher seu almoço, entre qualquer coisa do mundo, faria arroz, feijão, salada, filé de frango e uma batata frita. “Que é mais difícil de comer, né”.

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