Paciente registra queixa de estupro contra ginecologista de unidade de saúde

A estudante de 22 anos acusa o ginecologista de estupro Foto: jorge casagrande
Ricardo Rigel

“Foi um choque na hora que percebi que o médico, que deveria estar me examinando, estava abusando de mim”. O relato é de uma estudante de 22 anos, moradora de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Ela acusa o ginecologista de uma unidade municipal de saúde no Gradim, de tê-la estuprado durante uma consulta médica, na manhã de quarta-feira.

O caso, registrado no mesmo dia na 73ª DP (Neves), deixou os familiares da estudante revoltados. Desde então, ela não sai de casa:

— Estou com um problema no útero e no dia da consulta, estava sentindo muita dor. Fui até o médico esperando uma ajuda. Minha mãe entrou no consultório comigo e ele, já de início, foi grosso. Chegou a me chamar de burra por não me lembrar o dia da minha menstruação.

Ao ver que a mãe estava nervosa, a jovem pediu para ela esperar do lado de fora:

— O médico não fez movimentos normais de consulta e ficou me perguntando se eu tinha orgasmo. Fiquei nervosa e gritei que não, mas ele não parou. Nesse momento, foi para o banheiro e saiu como se nada tivesse acontecido.

Mais cinco queixas

A jovem conta que depois de sair do consultório, ainda com medo e muita vergonha, não conseguiu falar para a mãe o que havia acontecido. Ao chegar em casa, ela acabou contando para o namorado. Ele a incentivou a ir até a delegacia para registrar uma queixa contra o médico.

O delegado titular da 73ª DP, Jorge Veloso, disse que o caso está sendo investigado, mas que não daria detalhes.

Fontes da Polícia Civil infomaram que este é o sexto registro feito por uma mulher contra o médico. Em 2008, uma vítima registrou queixa por constrangimento na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo. Já em 2014, a ex-mulher do médico fez na mesma delegacia uma queixa por lesão corporal contra ele.

Entre os anos de 2004 e 2006, outras três mulheres fizeram registros de ocorrência contra o profissional na Deam de Niterói.

A Secretaria de Saúde de São Gonçalo informou que, ao saber dos fatos, abriu uma sindicância para apurar as denúncias. Segundo o órgão, o profissional foi afastado imediatamente das suas funções no município.

Medo de denunciar

A mãe da vítima disse ao EXTRA que depois do fato ter se espalhado pelos arredores do posto de saúde, algumas mulheres admitiram para ela também terem sido abusadas pelo médico durante suas consultas:

— Muita gente tem medo de denunciar. Mas espero que depois que essas possíveis vítimas lerem essa matéria, tomem coragem de prestar queixa — diz: — Essa é uma profissão muito séria. Um cara deste não pode estar ganhando do município para abusar de suas pacientes. Sabemos que a justiça às vezes falha, mas espero que este homem seja punido para que mais mulheres não tenham que passar pelo que estamos passando agora.

Perguntado se já tinha conhecimento sobre as denúncias, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) respondeu, através de sua assessoria, que o caso ainda não havia sido denunciado, mas que vai abrir uma sindicância para apurar a conduta do médico.

O EXTRA tentou entrar em contato com o profissional. No primeiro momento, durante uma ligação, ele confirmou seu nome, mas, quando começou a escutar os questionamentos sobre o caso, voltou atrás e disse que era outra pessoa:

— Não tenho nada a ver com isso. Foi um outro colega, um outro colega — disse o médico, desligando em seguida o celular.

 

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