Paulo Guedes mostra desprezo por Bolsonaro em entrevista e insinua que o presidente não manda em nada

Em uma declaração sem precedentes para um ministro de Estado em relação ao presidente que o nomeou, Paulo Guedes demonstrou todo seu desprezo por Jair Bolsonaro, numa entrevista para o jornal O Estado de S.Paulo. Diante da pergunta dos jornalista sobre como seria viável a aprovação da idade mínima de 62 anos para aposentadoria das mulheres proposta por ele, depois de Bolsonaro afirmar que aceitaria a redução para 60, o ministro da Economia retrucou: “É ele quem vota ou os 500 deputados?”.

A afronta talvez guarde alguma semelhança com declarações de ministros de Estado que estavam em vias de ser demitidos ou que pretendiam deixar os governos de presidentes, no passado. Mas, até o domingo (10), data de publicação da entrevista, o ministro da Economia parecia firme no cargo. A situação mudou nesta quinta, quando ele declarou que pode pedir demissão se o Congresso não aprovar o desmonte da Previdência Social desejado por ele: “(…) eu vou dizer assim: ’Eu vou sair daqui rápido, porque esse pessoal não é confiável. Não ajudam nem os filhos; então, o que será que vão fazer comigo?’”.

A manifestação de desprezo a Bolsonaro aconteceu numa entrevista aos jornalista Adriana Fernandes, José Fucs e Renata Agostini (aqui). Mas não foi apenas isso. Guedes apresentou-se como um megalomaníaco, afirmando que os eleitores teriam sufragado Bolsonaro e ele nas urnas: “O presidente ganhou a eleição dizendo ’Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’ e o Paulo Guedes dizendo que vai privatizar. Foi essa agenda que ganhou a eleição”.

A entrevista foi realizada antes que saísse a público a pesquisa realizada pela consultoria Atlas Político segundo a qual, dos 308 votos necessários para aprovar o desmonte da Previdência Social, Paulo Guedes tem menos de 100 -95 afirma a pesquisa (aqui). Aparentemente ela foi o estopim para Guedes ameaçar demitir-se. Mas, antes disso, no fim de semana, ficou claro que ele considerava ter sido eleito ao lado de Bolsonaro e desprezar o ocupante da cadeira presidencial que o nomeou ministro.

 

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