praça do marco zero, recife
PE lidera ranking, RJ é ‘bom’ e SP tem ‘baixa transparência’

Um estudo feito pela ONG Open Knowledge Brasil (OKBR) avaliou a  transparência  dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal no âmbito do combate ao novo coronavírus (Sars-CoV-2) no país. Com base em critérios pré-estabelecidos, Pernambuco lidera o ranking nacional.

A seção brasileira da Open Knowledge International também concluiu que apenas um estado, o  Tocantins, tornou público o número de testes de diagnóstico da  Covid-19  disponíveis para a população.

Além disso, a OKBR descobriu que 90% dos estados não divulgaram dados suficientes para o monitoramento da situação da pandemia no Brasil até o momento, incluindo o governo federal.

Foram analisados  boletins epidemiológicos, informes e demais dados a partir dos portais oficiais dos governos estaduais e de suas respectivas secretarias de Saúde na internet com base no conteúdo disponibilizado até a manhã da última quinta-feira (2).

Além do detalhamento de informações, como idade, sexo e hospitalização dos brasileiros diagnosticados, foram avaliadas a oferta e ocupação de leitos, bem como a quantidade de testes disponibilizados e realizados e o formato das plataformas onde as informações podem ser acessadas (como código aberto e planilhas editáveis, por exemplo), além do grau de detalhamento por municípios e bairros.

Com base no levantamento, a OKBR criou um índice de avaliação dos estados.  Pernambuco foi o único ente federativo a atingir um nível alto de transparência, com 81 pontos entre 100 possíveis. O  Ceará, terceiro estado mais afetado pelo coronavírus, ficou na segunda colocação  com 69 pontos. O  Rio  vem em terceiro lugar, com 64 pontos. Ambos foram enquadrados na faixa considerada “boa”.

Cinco estados tiveram desempenho médio, incluindo Minas Gerais, e a transparência de 11 outros foi classificada como baixa, como é o caso de  São Paulo. O governo federal também foi incluído nesta categoria.

O pior desempenho está entre os estados “opacos”, que, na avaliação da ONG, precisam avançar consideravelmente na publicação de dados. São, ao todo, oito.  Pará e Rondônia , na lanterna do ranking, receberam nota zero.

Dados heterogêneos

A diretora-geral da OKBR, Fernanda Campagnucci, aponta para a diferença nos parâmetros de divulgação de dados, o que gera uma heterogeneidade das informações divulgadas.

Esse cenário causa prejuízo na comparação de números e, por fim, no planejamento das estratégias necessárias para lidar com o coronavírus. Campagnucci pontua, ainda, que a a avaliação foi conduzida no intuito de colaborar com os estados para a melhoria da transparência.

A metodologia da OKBR não avaliou conteúdos publicados nas redes sociais. Apesar de reconhecer “os esforços dos gestores em utilizar redes sociais e aplicativos para incrementar a comunicação com a população”, a organização defende que sites são plataformas mais acessíveis e democraticas, além de mais intuitivas.

Além disso, chamou atenção para a gestão dos perfis destes canais por empresas privadas. “Esses aspectos são particularmente importantes para pessoas e entidades que estão conduzindo pesquisas sobre a pandemia do novo coronavírus em todo o país e precisam coletar dados com confiança e agilidade”, segundo informou a OKBR em nota técnica.

Confira o ranking completo:

1. Pernambuco – 81 (Alto)
2. Ceará – 69 (Bom)
3. Rio de Janeiro – 64 (Bom)
4. Tocantins – 50 (Médio)
5. Minas Gerais – 48 (Médio)
6. Maranhão – 45 (Médio) e Mato Grosso do Sul – 45 (Médio)
7. Roraima – 40 (Médio)
8. Rio Grande do Sul – 36 (Baixo) e Governo federal – 36 (Baixo)
9. Alagoas – 33 (Baixo) e Bahia – 33 (Baixo)
10. Mato Grosso – 31 (Baixo) e São Paulo – 31 (Baixo)
11. Rio Grande do Norte – 29 (Baixo)
12. Distrito Federal – 21 (Baixo) e Piauí – 21 (Baixo)
13. Amazonas – 17 (Baixo)
14. Acre – 14 (Baixo) e Goiás – 14 (Baixo)
15. Amapá, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e Sergipe – 10 (Opaco)
16. Pará – Zero (Opaco) e Rondônia – Zero (Opaco)