PF investiga propina e lavagem de dinheiro em imóveis e obras de arte em nova fase da Lava Jato

Operação Vernissage cumpre 11 mandados de busca e apreensão em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão; segundo o Ministério Público Federal, a ofensiva é um desdobramento da fase 65 da operação, que mirou o ex-senador Edison Lobão e seu filho Márcio

Do Estadão — A Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Receita Federal deflagraram na manhã desta terça, 12, a 79ª Fase da Operação Lava Jato, batizada ‘Vernissage’, para investigar crimes de corrupção, fraudes licitatórias, organização criminosa e lavagem de dinheiro envolvendo um grupo que pegou propinas de mais de R$ 12 milhões no âmbito de contratos celebrados com a Transpetro.

Segundo a PF, as vantagens indevidas foram lavadas por meio da aquisição de imóveis e obras de abre. Nessa linha, um dos objetivos da operação é apreender de mais de cem obras de arte adquiridas por um investigado, indica o Ministério Público Federal.

A Procuradoria no Paraná indicou ainda que a ofensiva é um desdobramento da fase 65 da Lava Jato, a Operação Galeria, que mirou Edison Lobão , ex-senador e ex-ministro de Minas e Energia (governos Lula e Dilma), e chegou a prender seu filho Márcio. A dupla foi denunciada em setembro de 2019 por supostas propinas em contratos da Transpetro que, somados, chegam a mais de R$ 1,5 bilhão.

Agentes da Receita e da Polícia Federal durante Operação Vernissage, no Rio de Janeiro.

Cerca de 70 policiais federais e 10 auditores da Receita Federal cumprem 11 mandados de busca e apreensão em Brasília (2), São Luis do Maranhão (3), Angra dos Reis (1), Rio de Janeiro (3) e em São Paulo (2). As ordens foram expedidas pela 13ª Vara Federal em Curitiba.

A Polícia Federal informou que durante as investigações da Lava Jato, foi identificada uma organização criminosa voltada a fraudar o caráter competitivo das licitações mediante o pagamento de propina a altos executivos da Petrobrás, bem como a outras empresas a ela relacionadas, como a Transpetro.

Segundo os investigadores, o ex-diretor da estatal Sérgio Machado (2003-2014) foi indicação política no esquema criminoso que dividia os altos cargos da Petrobrás e subsidiárias.

“Suspeita-se que os contratos celebrados pela Transpetro com algumas empresas teriam gerado, entre os anos de 2008 e 2014, o pagamento de mais de R$12 milhões em propinas pagos a este grupo criminoso”, registrou a PF em nota.

Obras de arte são apreendidas em nova fase da Lava Jato, nesta terça-feira (12)

A corporação indica que após o recebimento dos valores, eram realizadas várias operações de lavagem de capitais, especialmente, a aquisição de obras de arte e transações imobiliárias.

A PF cita como exemplo a compra de um apartamento de alto padrão por R$ 1 milhão em 2007, pago em espécie por intermédio de empresa dos investigados e vendido por R$ 3 milhões, em menos de dois anos, valorização não correspondente às condições do mercado imobiliário da época.

“No caso das obras de arte, tais operações consistiam na aquisição de peças de valor expressivo com a realização de pagamento de quantias ‘por fora’, de modo que não ficassem registrados os reais valores das obras negociadas. Neste caso, tanto o comprador, quanto o vendedor emitiam notas fiscais e recibos, mas declaravam à Receita Federal valores flagrantemente menores do que aqueles efetivamente praticados nas transações”, explicou a PF.

De acordo com os investigadores, entre valores declarados à Receita Federal e os de mercado, praticados nos leilões em Galeria de Arte, verificaram-se diferenças de 167% a 529%

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *