Policiais civis baianos se reúnem na quinta e não descartam greve

Daniel Souza e Daniel Serrano
A pandemia do novo coronavírus vem impactando na rotina dos trabalhadores de diversos setores. A situação encontra-se mais delicada para os servidores que compõem a Policia Civil da Bahia, que prestam um dos serviços essenciais, o da segurança pública.

Nesta quinta-feira (6), ocorrerá uma assembleia virtual de todas as entidades (associações e sindicatos) que compõem a Policia Civil para debaterem a falta de um protocolo no combate à Covid-19 na categoria. Há a possibilidade de ocorrer uma paralisação dos policiais civis para chamar a atenção para as dificuldades nesse período de pandemia. E elas são muitas.

De acordo com presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (SINDPOC), Eustácio Lopes, o governo criou um decreto para atender as demandas nesse período de pandemia, mas os policiais precisaram ir à Justiça para conseguir ter as demandas atendidas.

“Nós tivemos que procurar o Tribunal de Justiça da Bahia para obter uma liminar e afastar os policiais do grupo de risco. Houve por parte de o Estado querer manter o serviço essencial como a segurança publica, mas sem ter uma atenção a saúde do servidor”, disse Lopes ao Política ao Vivo.

Outra queixa é a falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais). “A gestão da policia civil, que, para mim, é quem tem causado problema no dia-a-dia da atividade dos policiais civis, houve uma demora, uma omissão em providenciar EPIs. Nessa mesma decisão judicial tivemos que também cobrar uma sentença obrigando a Policia Civil a disponibilizar EPIS, como álcool em gel, mascara e luvas que ainda é entregue de forma insuficiente”, comenta Lopes.

Além do número insuficiente de EPIs, as delegacias e as viaturas não são devidamente higienizadas nem há controle de acesso nas unidades. Não existem tapetes higiênicos nem termômetro digital para conferir a temperatura. Lopes comentou que os presos são muitas vezes levados às delegacias sem fazer o teste para a Covid-19 e alerta que os encarcerados podem contaminar os policiais “que contaminam a população e seus familiares”.

“Os policiais vivem esse risco no dia-a-dia. Hoje se um cidadão vai à delegacia registrar uma ocorrência, ele vai sair de lá positivado para a Covid-19”, pontua Lopes.

Segundo o SINDPOC, já são 469 policiais civis positivados para o novo coronavírus e seis óbitos. Entretanto, esse número pode ser maior. O sindicato é informado pelos servidores quando estão infectados. Alguns que nem informam.  Não há uma programação de testagem. Os policiais estavam conseguindo fazer os testes pelo plano de saúde do Plano de Saúde dos Servidores, o Planserv. “Quando a administração da policia Civil tomou conhecimento do alto numero de policiais positivados passou a proibir”, afirma Lopes.

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