Prefeito de Natal desiste de ser o primeiro vacinado da cidade e diz estar ‘protegido’ pois toma ivermectina

Apesar de não pertencer ao grupo prioritário para receber a dose contra a Covid, Álvaro Dias (PSDB) queria furar a fila para “dar o exemplo” e, agora, com a repercussão negativa, se diz protegido por tomar remédio sem eficácia comprovada contra a doença

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Sob a justificativa de que algumas pessoas “distorceram o assunto” e, diante da repercussão negativa do anúncio que havia feito, o prefeito de Natal (RN), Álvaro Dias (PSDB), desistiu de ser o primeiro vacinado contra a Covid-19 na capital potiguar.

“Sou médico, sou do grupo de risco, estou em contato permanentemente com o hospital de campanha. Também me incluo no grupo dos profissionais de saúde que estão em contato e, portanto, sujeito a risco de contaminação. Mas tendo em vista que alguns grupos procuraram distorcer a disponibilidade que nós tivemos de ser o primeiro para dar o exemplo, resolvemos repensar e desistir”, disse em entrevista a uma rádio local na noite desta terça-feira (19).

O tucano também afirmou, na mesma entrevista, que não haverá problemas em tomar a vacina em outro momento pois faz o uso de ivermectina. “Eu estou protegido porque tomo a ivermectina. Então, eu posso deixar para tomar a vacina depois”, disparou.

O medicamento, tal como a cloroquina, não tem eficácia comprovada contra a Covid-19 e é desaconselhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no tratamento da doença.

“Dar o exemplo”

Dias havia anunciado, mais cedo, durante coletiva de imprensa, que vai furar fila e ser o primeiro vacinado contra a Covid-19 na capital potiguar.

“Amanhã às 8h da manhã serei o primeiro paciente a receber a vacinação na cidade de Natal. Amanhã às 8h no Ginásio Nélio Dias”, afirmou o chefe do Executivo municipal.

O tucano, entretanto, não faz parte do grupo prioritário para a vacinação contra a Covid definido no plano da própria cidade. Compõem este grupo idosos institucionalizados, como os que moram em asilos, indígenas e profissionais de Saúde que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus.

Apesar de ser médico, Dias não atua na área há anos. Ao longo de 2020, encampou a campanha bolsonarista pela cloroquina, substância que não tem sua eficácia comprovada contra a Covid-19, incentivando o chamado “tratamento precoce” na cidade. No último domingo (17), durante votação sobre o uso emergencial de vacinas, diretores colegiados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçaram que não existe tratamento precoce contra a doença do coronavírus.

A cidade de Natal recebeu, esta semana, 12.235 doses da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

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