Alvo de um pedido de impeachment e em meio à maior crise política e econômica de seu governo, a presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira (4), em João Pessoa, o respeito às instituições e afirmou que o respeito ao voto popular é “a base da democracia”.

“A estabilidade deste país significa respeito às instituições, respeito ao voto popular, porque o voto popular é a base da democracia”, disse Dilma em evento do Dialoga Brasil, um debate com ministros e movimentos sociais para discutir propostas de políticas públicas para o país.

A presidente também fez uma defesa enfática da democracia, disse que sua manutenção “depende de cada um de nós” e que é uma conquista que seu governo irá preservar “a todo custo”. “A conquista democrática, com imprensa livre, com manifestação de opinião é algo que interessa ao povo brasileiro”, disse.

“Do ponto de vista do meu governo, o direito democrático de as pessoas se manifestarem, mesmo quando se manifestam de forma contrária ao governo, é um direito sagrado. Mas essa manifestação não pode levar nem à violência nem à intolerância”, afirmou.

A presidente também fez críticas às visões pessimistas sobre o país. “Esse país escuta tanto, mas tanto, as coisas negativas, o pessimismo, vai acabar, vai acontecer uma catástrofe, que as pessoas vão perdendo a força, a autoestima, a esperança. Mas não é verdade, o povo não perde.”

Em seu discurso aos movimentos sociais da Paraíba, Dilma destacou a importância de obras para enfrentar a seca na região e prometeu que, apesar da crise, as obras de transposição do rio São Francisco não serão interrompidas.
“Eu tenho um compromisso e um orgulho, que é entregar a obra da transposição do São Francisco o mais rápido possível. Nós não iremos, de maneira alguma, paralisar, suspender a obra de transposição do São Francisco. Esse é o compromisso do meu governo com toda a região beneficiada pela transposição”, disse.

Pela manhã, em entrevista a rádios da Paraíba, a presidente defendeu novas fontes de receitas e afirmou que o governou cortou “tudo que poderia ser cortado” no Orçamento. Nesta semana, o governo enviou ao Congresso a proposta orçamentária para 2016 com previsão de deficit primário de R$ 30,5 bilhões.

POPULARIDADE
A ida de Dilma à Paraíba é a quinta viagem que ela faz ao Nordeste em menos de um mês, numa tentativa de recuperar sua popularidade, em baixa recorde diante das crises política e econômica do país.

Nesta quinta-feira (3), o vice-presidente Michel Temer afirmou em reunião com empresários em São Paulo que será difícil Dilma chegar até o fim do mandato se permanecer com índices tão baixos de popularidade.

Em João Pessoa, Dilma e ministros também se reuniram e portas fechadas com empresários para tentar resgatar a confiança do setor no atual cenário negativo para a economia.

Empresários presentes disseram à reportagem que reivindicaram melhorias para enfrentar a crise hídrica que a região atravessa e que também pediram um plano logístico entre a Paraíba e Pernambuco, em área que receberá indústrias e um polo de cimento.

“Ela [Dilma] colocou que está passando por um momento de dificuldade, mas que juntos todos vão trabalhar para tentar encontrar uma política bem definida para o orçamento”, disse Magno Rossi, vice-presidente da Fiep (Federação das Indústrias da Paraíba).

Mais cedo, Dilma participou de entrega de unidades do Minha Casa, Minha Vida em Campina Grande (PB), onde admitiu que o governo terá dificuldade e precisará “suar a camisa” para conseguir entregar mais de três milhões de moradias prometidas na terceira etapa do programa.

MENINO SÍRIO
Dilma também afirmou que ficou comovida com a foto do corpo do menino sírio Aylan Kurdi, 3, encontrado em uma praia da Turquia na quarta-feira (2), e criticou a conduta dos países europeus.

“Todos vocês viram aquele menininho sírio de três anos, morto porque não foi acolhido, morto porque foi abandonado, morto porque os países criaram barreiras para a entrada desse menino”, disse.

E acrescentou que o Brasil se distingue do resto do mundo pela diversidade étnica e pela capacidade de “resistência” e “superação” dos brasileiros.

“Nós somos um país composto por pessoas de vieram de todas as partes do mundo, além dos povos tradicionais indígenas que aqui estavam […] Se tem uma uma riqueza que perpassa esse país é essa diversidade”, afirmou.

Fonte: Folhapress