Prestador de serviço do SAAE é detido e passa por constrangimento em Juazeiro

Da Redação

O microempresário Adeilson Machado de Oliveira, prestador de serviço há 18 anos para o SAAE em Juazeiro passou por um grande constrangimento no dia 3 de janeiro. Em entrevista a reportagem do AP, Ele afirmou que comprou um carro de marca Fiat Uno, financiado pelo banco Itaú em 2011, e sem nenhuma explicação chegou um mandato de busca e apreensão expedido pelo Juiz da Comarca de Juazeiro, Edinaldo Fonseca.

“Fiquei surpreso quando a Oficial de Justiça chegou com policiais militares em um restaurante que estava almoçando com o mandato de busca e apreensão, uma vez que dias antes tinha dado entrada na solicitação de pagamento do IPVA no DETRAN onde nada constava de anormal”, informa.

Ele afirma que quando estava saindo de um determinado restaurante no bairro Maringá foi abordado. “Ela me pediu que entregasse a chave do veiculo, eu disse que não tinha obrigação e que poderia levar o veículo. Ela achou que eu estava infringindo a determinação judicial e chamou os policiais”.

Segundo Adeilson, o carro foi financiado em 60 meses, sendo que 20 parcelas foram pagas. “Mas devido a um problema financeiro fiquei alguns meses sem pagar. Quando as coisas melhoraram, procurei a revisional para regularizar a situação e ficou decidido que o restante das parcelas que estava devendo iria ser depositado em juízo todos os meses, sendo assim, depois do acordo já foram pagas 4 parcelas”, acrescentou.

Adeilson disse que durante a abordagem de busca e apreensão o policial militar Jean Carlos Silva pediu grosseiramente que o entregasse a chave do carro. “Eu disse ao policial que não tinha direito de facilitar a vida dela e que não iria entregar de forma nenhuma, em nenhum momento impedi que ela levasse o carro. Em seguida comecei a ligar para minha família solicitando que viesse me trazer a documentação sobre o acordo judicial, e o policial rebateu com sua mão para que eu não ligasse, fui algemado em público e levado dentro da viatura para a delegacia”.

Ele conta que antes do policial fechar o porta-malas da viatura, o seu cunhado que é capitão militar – Marinho da Cunha teria chegado. “Eu fiquei com o pé para fora da viatura, impedindo que o policial fechasse o porta-malas da viatura. Meu cunhado se apresentou e pediu que o policial me retirasse da viatura porque eu não era nenhum bandido, o policial me retirou de lá e me colocou dentro da viatura. Ao me conduzir para a delegacia o policial ainda passeou comigo dentro do bairro e passou em frente da casa do meu pai. Foi um constrangimento terrível, parecia que eu tinha cometido algum crime”.

Segundo o microempresário, ao chegar à delegacia foi colocado dentro de uma cela e a algema retirada. “Fui jogado dentro de uma cela imunda, com muitas fezes, preservativos, sangue, lixo, muriçocas e moscas. Senti-me como um bandido e passei mais de 2 horas dentro. Não tenho nenhuma passagem pela polícia, só sai da cela porque meu cunhado chegou e pediu para que me retirassem. Em seguida fui fazer o depoimento”, disse emocionado.

Ao sair da delegacia, Adeilson contou que não conseguiu dormir devido ao constrangimento e foi obrigado procurar um hospital para tomar medicamento. “Não consegui dormir de jeito nenhum, todo tempo me dava uma crise de choro. Minha esposa me levou ao hospital para tomar calmante, a partir daí que conseguir dormir. Vou entrar com uma ação na justiça por danos morais. Foi uma humilhação, fui tratado como bandido. Não agi de forma alguma com brutalidade, apenas reivindiquei meus direitos, dizendo que não iria entregar a chave do meu carro porque já havia um acordo judicial feito na cidade vizinha de Petrolina, onde a Justiça em Juazeiro não tinha conhecimento sobre o fato, mesmo assim eles duvidaram de minha palavra”.

Diante do fato, o Capitão Marinho da Cunha falou que ficou surpreso com o fato. “Sou lotado em Salvador e nunca vi algo desse jeito. Se o rapaz não é nenhum bandido, é errado ser colocado na mala da viatura. Durante a abordagem eu me apresentei e solicitei ao soldado Carlos que retirasse a algema do meu cunhado, e o mesmo respondeu que só iria retirar quando estivesse dentro da delegacia. Além disso, ele não podia em nenhum momento tomar o celular da mão dele, essa atitude foi arbitrária, não teve nenhum motivo para fazer esse tipo de abordagem. Tenho 30 anos de militarismo e os policiais não são orientados para fazer isso, passamos por cursos que só em olhar para as pessoas conseguimos identificar se é ou não marginal e vagabundo. Isso foi um abuso de poder, não cabia aquela ação”, esclareceu.

O Capitão Marinho afirmou que ao chegar à delegacia um agente civil informou que Adeilson estava em uma sala esperando o delegado chegar para ser ouvido. “Na verdade não era em uma sala, e sim em uma cela cheia de lixo, vazo cheio de fezes, esperma e preservativos pelo chão. Para respirar era obrigado a ficar em pé por conta do mau cheiro. Procurei os policiais civis e disse que não era para ele estar naquela cela, ele não é nenhum vagabundo. Os policiais alegaram que ele estava na cela por conta de estar nervoso, em seguida atenderam meu pedido e o retiraram. Em seguida acompanhei o depoimento com o escrivão”.

O Capitão concluiu afirmando que Adeilson fez exame de corpo delito devido às agressões e as marcas deixadas pelas algemas colocadas pelo policial militar. “Ainda assim, durante a abordagem, o primo de Adeilson tentou entregar a chave para os policiais e a oficial de justiça, sendo que os mesmos recusaram”.

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