Prima de Eduardo Campos diz que Polícia Civil não tem autonomia para investigar morte de empresário

Foto: Diego Nigro/JC Imagem

A vereadora do Recife Marília Arraes (PT), prima do ex-governador Eduardo Campos e antes filiada ao PSB, afirmou em nota que a Polícia Civil sofre interferência do governo Paulo Câmara (PSB) nas investigações da morte do empresário Paulo César de Barros Morato. Ele foi encontrado sem vida em um motel de Olinda após ser alvo de prisão preventiva por ser apontado pela Polícia Federal como ‘laranja’ em esquema de lavagem de dinheiro supostamente para campanhas de Campos. A petista criticou também o fato de o pedido de inquérito sobre a denúncia de um suposto esquema de pedido de propina a artistas para shows ter sido feito à Civil.

Marília Arraes cita o questionamento do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol-PE), que vai denunciar uma suposta influência no caso. A entidade afirma que peritos foram impedidos de fazer a apuração papiloscópica na manhã da última quinta-feira (23). A Secretaria de Defesa Social (SDS) negou interferência e disse que os trabalhos haviam sido concluídos na noite em que o corpo foi encontrado, na quarta (22).

“O caso é gravíssimo. E é esta mesma polícia, sem autonomia que vai investigar as denúncias de nossos artistas?”, questionou a vereadora na nota. “O tempo dos coronéis acabou. A sociedade exige respostas. E não são respostas rasas e discursos publicitários”, atacou Marília Arraes.

PROPINA DE ARTISTAS – Na mesma nota, a petista defendeu também a investigação da denúncia de que haveria um esquema de cobrança de propinas para que artistas fizessem shows e disse que a suposta organização não seria denunciada por artistas por medo de represálias.

A polêmica veio a tona depois do vazamento de um áudio enviado pelo cantor André Rio para um grupo de artistas no WhatsApp, em que afirma ter recebido a proposta de entregar metade do cachê de seis shows, quatro com recursos da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) e dois com verba repassada pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). O músico explicou que propostas assim são feitas por empresários principalmente para apresentações no interior do Estado e corresponsabilizou a Empetur e a Fundarpe.

“Há muito tempo ouvimos, nos bastidores, queixas relativas a este tipo de prática em gestões sob o comando deste mesmo grupo que hoje controla o Executivo (estadual e da capital). Mas infelizmente, em função das pressões e do medo constante de represálias, a maior parte dos artistas opta por não dar prosseguimento as denúncias. Afinal, eles só têm o seu próprio testemunho contra um poder hegemônico e perseguidor”, afirmou Marília Arraes na nota.

O secretário de Turismo, Esportes e Lazer, Felipe Carreras, saiu em defesa dos gestores e pediu à Polícia Civil a abertura de um inquérito sobre o caso, o que deve ser feito nesta segunda (27). “Carreras apressou-se em ir aos veículos de imprensa não para apresentar medidas efetivas contra a corrupção, mas sim para ameaçar o artista denunciante e outros que a ele se solidarizaram”, disse a vereadora. A petista ainda questionou a investigação. “Ressalto, a mesma Polícia Civil que há dois dias foi impedida de cumprir seu papel, graças a interferência política deste governo do qual o secretário faz parte”, atacou. (Jamildo Melo)

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