Próxima epidemia ‘já está a caminho’, diz médico sobre desmatamento na Amazônia

Gonzalo Vecina e desmatamento na Amazônia
Gonzalo Vecina e desmatamento na Amazônia (Foto: Brasil 247 | REUTERS/Ricardo Moraes)

O médico sanitarista e ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina afirmou, nesta quarta-feira (5), que o desmatamento na Amazônia pode levar a outras epidemias, como a do coronavírus, porque a floresta abriga muitos outros vírus.  “Nós estamos agredindo a Amazônia. Na Amazônia, tem uma quantidade de vírus imensa. A próxima epidemia, com o nível de agressão que nós estamos fazendo ao meio ambiente, já está a caminho”, disse Vecina em entrevista à GloboNews.

“Nós temos que estar cuidando disso desde agora. E cuidar disso significa identificar esses agentes o mais cedo possível e desenvolver remédios e vacinas o mais cedo possível”, complementou.

O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking global de confirmações (2,8 milhões) e mortes (96 mil) provocadas pelo coronavírus. Só perde para os Estados Unidos, com 4,9 milhões e 160 mil óbitos.

De acordo com o médico, “investimento em ciência continuamente – ciência básica e ciência aplicada – será fundamental”. “Espero que os nossos próximos governantes – porque desse já não falo mais – tenham essa consciência e façam esse investimento, para que nós estejamos preparados para a próxima crise, que virá”, acrescentou.

As críticas à gestão do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) na pasta aumentaram a partir do segundo trimestre deste ano, após a divulgação de conteúdo de um vídeo da reunião ministerial que aconteceu no dia 22 de abril, quando Salles sugeriu que o governo deveria aproveitar a atenção da imprensa voltada à pandemia de Covid-19 para aprovar “reformas infralegais de desregulamentação e simplificação” na área do meio ambiente e “ir passando a boiada”.

Um levantamento publicado na semana passada pelo jornal Folha de S.Paulo  em parceria com o Instituto Talanoa mostrou que, entre março e maio deste ano, o governo publicou 195 atos no Diário sobre o meio ambiente. Nos mesmos meses de 2019, foram apenas 16 atos publicados relacionados ao tema, um aumento de 12 vezes.

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