PT e PSDB acenam com guerra de CPIs no Congresso

A revelação do lobista e ex-funcionário da Petrobras João Augusto Henriques de que havia um esquema de corrupção na estatal, que beneficiava o PMDB e ajudou, com caixa dois, a campanha da presidente Dilma Rousseff, provocou um bate-boca entre integrantes de PSDB e PT, nesta segunda-feira, no plenário do Senado. Enquanto tucanos falam em criar a CPI da Petrobras e convocar o denunciante, petistas agem da mesma forma, mas com outro alvo: as denúncias de que empresas formaram um cartel em São Paulo, sob administrações tucanas, para atuar no metrô e na empresa de trens urbanos do estado.

No Senado, os tucanos Álvaro Dias (PR) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), líder da bancada, protocolaram, na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle, um requerimento de convocação de Henriques, para que ele explique as acusações veiculadas pela revista “Época” desta semana. Da tribuna, Dias acusou a Petrobras de agir politicamente e de apresentar sucessivos prejuízos, e vinculou as novas denúncias ao mensalão:No entanto, a decisão desta segunda-feira do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), de instalar duas novas CPIs tornou mais difícil a criação da CPI da Petrobras, que já tem requerimento na Casa com as assinaturas necessárias. Uma suposta comissão do caso Siemens, que nem pedido tem, é ainda mais remota.

— Se essas denúncias forem confirmadas, o mensalão está mais presente do que nunca na administração federal, como consequência deste sistema promíscuo instalado em Brasília há 12 anos, com o objetivo de cooptar forças políticas. Trata-se de um sistema que instala um balcão de negócios para lotear cargos públicos e se torna a matriz de governos incompetentes, abertos à corrupção — disse Dias, lembrando que em 2009 o PSDB propôs uma CPI para apurar denúncias de irregularidades na Petrobras, abafada pelo governo.

Bancada do PT se reúne nesta terça-feira

As afirmações do tucano irritaram o senador Humberto Costa (PT-PE), que pediu um aparte. Ele disse que o PSDB deveria se preocupar também em esclarecer as acusações de que a Siemens e outras empresas teriam feito um cartel para ganhar licitações em São Paulo, pagando propinas a servidores estaduais. Nesta terça-feira, a bancada do PT se reunirá para avaliar se propõe uma CPI da Siemens.

— Queria recomendar a Vossa Excelência, já que exerce com tanta correção o papel como senador, que estenda essa convocação, por exemplo, ao senhor Adilson Primo, que foi presidente da Siemens do Brasil durante muitos anos e sabe de muitas coisas sobre esse escândalo que, supostamente, envolveria cinco grandes empresas multinacionais, agentes públicos de São Paulo ou mesmo integrantes do governo de São Paulo. Poder-se-ia trazer a Bombardier. Poder-se-ia convocar o Cade para aqui vir falar sobre esse episódio. Digo isso por entender que, quando queremos colocar um país a limpo, é necessário que se coloque como um todo.

Na Câmara, o deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL) conversou com Henrique Alves sobre a CPI da Petrobras. Apresentado em 16 de maio pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), e com o apoio de 52 peemedebistas, a CPI já encontrava um caminho difícil, porque havia outras 15 na fila de espera. Na Câmara, só podem funcionar cinco CPIs ao mesmo tempo; duas já estão em funcionamento, e Alves instalou mais duas nesta segunda-feira (Ecad e trabalho infantil).

Há, porém, uma alternativa regimental para a CPI da Petrobras: aprovar em comissões e no plenário um projeto de resolução para furar a fila. — A fila pode ser furada (com projeto de resolução), se houver interesse político — disse Quintela.

Segundo a denúncia de João Henriques à “Época”, o esquema de propina na diretoria internacional da Petrobras atendia aos interesses dos peemedebistas de Minas. Quintão, que teve a ideia da CPI da Petrobras em maio, estaria agora constrangido. Procurado, não retornou ao GLOBO. Por meio de sua assessoria disse que mantém o apoio à CPI. (O Globo)

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