Raul Henry busca executiva nacional contra intervenção no PMDB de Pernambuco

Foto: Filipe Jordão/JC Imagem
Foto: Filipe Jordão/JC Imagem

A reunião da executiva nacional do PMDB que vai discutir o processo de expulsão da senadora Kátia Abreu (TO) nesta quarta-feira (13) terá também questionamentos sobre a provável intervenção na executiva do partido em Pernambuco. O presidente estadual da sigla, Raul Henry, viaja a Brasília para o evento e vai levar uma nota aprovada nesta terça-feira (12) pelo diretório, que o autorizou também a falar pela legenda sem consultar o grupo.

No texto, os peemedebistas criticam o recém-filiado Fernando Bezerra Coelho, senador que pode ganhar o comando, tradicionalmente do grupo deputado Jarbas Vasconcelos, após uma manobra do presidente nacional, Romero Jucá.

Na nota, Jarbas volta a ser apontado como “reserva moral da vida pública no País”. “O senador Fernando Bezerra Coelho ainda tem tempo para aprender a lidar com gestos de grandeza, elegância e generosidade, como foi o de Jarbas ao admitir seu acolhimento no partido. Aprender também que a nossa história é de lealdade, não de traição. De coerência, não de oportunismo. De decência, não de incorreção”, afirmou. Antes da filiação de FBC por Jucá, quando o presidente o anunciou como candidato ao governo em 2018 e disse que iria promover a mudança na direção estadual, o deputado elogiou Fernando Bezerra, gesto ao contrário do esperado no meio político.

Raul Henry chega esta tarde a Brasília, depois da reunião com os aliados locais. O evento realizado na sede do PMDB de Pernambuco, no Centro do Recife, foi uma estratégia para mostrar força ao argumentar com Jucá que não leve à executiva a proposta de intervenção no partido em Pernambuco. O partido calcula que havia cerca de 150 pessoas no ato, entre integrantes do diretório – são aproximadamente 70 nomes – e aliados.

Para que aconteça, a dissolução tem que ser aprovada pelos nomes fortes nacionalmente. Antes mesmo da reunião da executiva nacional, nesta quarta-feira, Raul Henry pretende conversar com os correligionários. “Desejamos que o assunto seja resolvido no plano político.”

O presidente foi eleito para um novo mandato em junho e afirma que quer resolver a questão politicamente, mas que, se for mantida a dissolução da executiva local, pode ir à Justiça. “Vou defender que o partido mantenha integridade política em Pernambuco, que não tenha sua história usurpada”, afirmou. “Se não for assim, estamos dispostos a ir à última consequência, que significa a judicialização”, disse ainda.

Raul Henry ponderou, no entanto, que as estratégias na Justiça ainda não foram formadas para aguardar a definição nacional se haverá ou não intervenção. “Não há na história do PMDB um precedente, não é da cultura do PMDB. Nunca houve intervenção, então nunca houve judicialização. Mas nos outros partidos há e a jurisprudência é de que, quando uma executiva é constituída democraticamente, não há como”, alegou.

A intervenção nacional e a transferência do comando para Fernando Bezerra Coelho representa também a mudança das alianças estaduais do PMDB. O partido é hoje o principal aliado do governador Paulo Câmara (PSB) e Raul Henry é vice-governador e secretário de Desenvolvimento Econômico. O senador, no entanto, está alinhado à oposição formada pelos ministros das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), e da Educação, Mendonça Filho (DEM).

Leia a integra a nota:

“EXIGIMOS RESPEITO!

A história do PMDB de Pernambuco começou em 1966, quando foi fundado como MDB. Nesses mais de 50 anos de trajetória, nosso partido caracterizou-se pela combatividade, pela resistência ao autoritarismo, pela postura republicana na relação com o patrimônio público e pela defesa dos interesses do povo.

A síntese dessa história e desses valores materializa-se em um nome: o do ex-governador Jarbas Vasconcelos. Jarbas foi fundador do MDB e do PMDB. Foi também seu presidente estadual e nacional, companheiro leal do inesquecível Ulysses Guimarães. Sua vida é exemplo de coragem cívica, retidão de caráter, honestidade e espírito público. Por isso, para nós do PMDB de Pernambuco, Jarbas é mais que uma liderança, é um símbolo da nossa identidade política.

Nosso partido, seguindo sua índole democrática, sempre procurou cultivar, ao longo do seu caminho, um tratamento respeitoso com as lideranças políticas do estado e manteve-se aberto a todos que o quisessem integrar e defender suas bandeiras.

Não aceitamos, no entanto, a atitude indigna, traiçoeira, torpe e repulsiva daqueles que querem entrar no partido para promoverem uma intervenção em sua direção estadual e em sua orientação política.

Não admitiremos, jamais, a destituição de Jarbas Vasconcelos da direção política do PMDB de Pernambuco. A biografia e a liderança de Jarbas, reserva moral da vida pública do país, será defendida por nós incondicionalmente.

Não permitiremos que usurpem a nossa história de mais de 50 anos de luta e de resistência.

Este diretório estadual foi eleito de maneira legítima e democrática. Dele, participam, sem distinção, todas as lideranças políticas que fazem o PMDB de Pernambuco, em todas as regiões do estado.

O senador Fernando Bezerra Coelho ainda tem tempo para aprender a lidar com gestos de grandeza, elegância e generosidade, como foi o de Jarbas ao admitir seu acolhimento no partido. Aprender também que a nossa história é de lealdade, não de traição. De coerência, não de oportunismo. De decência, não de incorreção.

Por todas essas razões, exigimos respeito! Declaramos nosso irrestrito apoio a Jarbas Vasconcelos. E manifestamos à opinião pública do estado nossa indignação e a disposição de lutar em todas as frentes para preservar a identidade, a história e o patrimônio político do PMDB de Pernambuco.
 
DIRETÓRIO ESTADUAL PMDB-PE”

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