Revolução derruba rei do Egito e proclama República

Movimento progressista Oficiais Livres que acabaria derrubando monarquia foi fundado por Abdel Nasser, primeiro egípcio a ocupar Presidência do país

Em 23 de julho de 1952, a organização clandestina Oficiais Livres derrubou o rei Farouk I e tomou o poder no Egito, proclamando a república. O general Mohamed Neguib foi levado à chefia do governo. Na época, o Egito vivia uma crise depois do fim da primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949): o rei fora acusado de responsável pela derrota diante de Israel e sua submissão ao Reino Unido, instalado no Canal de Suez.

O movimento progressista que acabaria por derrubar a monarquia foi fundado pelo jovem coronel Gamal Abdel Nasser, que logo se tornaria primeiro-ministro adjunto e, mais tarde, presidente. O rei Farouk abdicaria em 26 de julho e se exilaria em Mônaco. O general Mohamed Neguib seria então escolhido como primeiro presidente da República do Egito.

Logo em seguida à queda da monarquia, o Egito tentou organizar a nascente república. De Nasser a Mubarak, os diversos presidentes moldaram o país, tendo por principais objetivos a modernização e a recuperação econômica. Ao ritmo dos conflitos externos e da influência e da ingerência internacional, o governo atravessou distintas etapas. Desse modo, da nacionalização a uma democracia mais palpável, passando pela pacificação, o Egito progressivamente mudou de cara, sem verdadeiramente atingir a estabilidade nem a democracia.

General Naguib (esq) e Coronel Nasser em 1954

General Naguib (esq) e Coronel Nasser em 1954

Quando a monarquia foi derrubada pelos Oficiais Livres, o general Neguib ocupou as funções de chefe de governo e de presidente do Conselho de Estado. Nasser passou a ser seu assistente, ocupando o posto de vice-presidente. Nasser não demorou muito para afastar Neguib do poder e tomar seu lugar. Pela primeira vez depois de séculos, o Egito seria verdadeiramente governado por um egípcio, o que daria um impulso de nacionalismo a seu país (Neguib nascera no Sudão e a família real de Farouk era de origem albanesa).

Nasser lutou para unificar o mundo árabe e para conferir ao Egito uma independência total. Sua posição e seu papel no nascimento do Movimento dos Países Não-Alinhados ilustram esses objetivos, bem como sua participação na conferência de Bandung, em 1955. Todavia, o Egito permaneceu fragilizado por uma economia muito débil que a política nasseriana socialista não conseguiu melhorar. Os conflitos israelo-árabes contribuíram igualmente para o enfraquecimento do país. Viu-se obrigado a apelar à União Soviética para se abastecer de armas e aos Estados Unidos para financiar a construção da barragem de Assuã.

Quando Washington se recusou a fornecer essa ajuda, Nasser respondeu com a nacionalização da Companhia do Canal de Suez. O fato deu nascimento a uma verdadeira crise internacional que, no final, reduziria sua imagem aos olhos do mundo muçulmano governado por reis e nobres. Ele se valeu da situação para tentar executar o projeto de unificação do mundo árabe.

Sua primeira união com a Síria, selada com a criação da República Árabe Unida, resultou em fracasso. Dedicou-se então a reforçar seu papel no seio da Liga Árabe. Mas sua conduta estratégica em relação a Israel conduziu rapidamente à Guerra dos Seis Dias, em 1967, que terminou com uma derrota dolorosa para o Egito.

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