River e Boca fazem final da Libertadores; vice-campeonato aterroriza as torcidas

O primeiro jogo, que terminou 2 a 2, foi muito emocionante -
O primeiro jogo, que terminou 2 a 2, foi muito emocionante – Foto: Nacho Doce/Reuters/11.11.2018
Thales Machado

“Quem perder não vai se recuperar nunca do peso de ser vice para o maior rival, na maior final da história do futebol”, diz Adrián Silva, vendedor em uma loja de esportes e, claro, torcedor do River Plate. Este pensamento resume o de muitos apaixonados por River Plate e Boca Juniors, que decidem neste sábado, às 18h (de Brasília), no Monumental de Nuñez, a grande final da Libertadores.

O fato de o Boca ser o visitante da partida decisiva, de novo com torcida única, traz temores diferentes para os dois lados: os da casa se aterrorizam com a chance do rival usar seu estádio como salão de festas. Os visitantes, naturalmente, com o favoritismo do time que atua em seu território.

Na primeira partida, empate em 2 a 2, o tal medo de perder não se mostrou superior ao de ganhar em campo. Há duas semanas, as esquipes fizeram um jogo ofensivo, usando suas melhores armas para partir para cima: pelo Boca, o fator casa, pelo River, a técnica e organização de um time que joga há mais tempo junto. Nova igualdade força a prorrogação. Se persistir, pênaltis.

Um país em forma de final

Se há cinco casais dançando algum tango de Carlos Gardel em uma milonga na Argentina, estatisticamente, é bem provável que ao menos três dos pares — e mais um outro dançarino ou dançarina — torçam por Boca ou River. Quem diz é uma pesquisa de 2013, que aponta: juntos, os dois times têm a simpatia de 73% dos argentinos.

Sete em cada dez argentinos estarão divididos entre a vontade de vencer e o medo de perder quando a bola rolar. Para se comparar, no Brasil, segundo pesquisa do Datafolha deste ano, Flamengo (18%) e Corinthians (14%), as duas maiores torcidas do país, têm a preferência apenas de três entre dez brasileiros.

— A torcida do Boca está nervosíssima com a final. Deu para sentir desde antes da bola rolar no jogo de ida. O momento é do River, superioridade em campo, confiança… — opina o jornalista brasileiro Gustavo Mehl, que vive em Buenos Aires.

Quem estava na primeira partida, viu: após o segundo gol do River, a famosa torcida do Boca diminuiu o ritmo. Cantou timidamente em poucos momentos do segundo tempo. Algo raro, que não faz jus à fama, mas justificável, dado ao que está em jogo.

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