SALVADOR ‘Mais de 30 tiros’, diz estudante que presenciou ataque a seguranças de faculdade

Kivia Souza e Tailane Muniz ([email protected])

Pelo menos 30 tiros foram disparados na direção dos seguranças da Faculdade Hélio Rocha, na noite desta quinta-feira (25), no bairro Itaigara, em Salvador. Segundo uma estudante da instituição que presenciou o crime, os suspeitos efetuaram os tiros ainda de dentro da camionete e, antes de fugir, voltaram disparar contra outro segurança, Robson Nascimento, 31 anos, que sofreu escoriações. Alexandre Santos Bonfim, 31, foi baleado.

A informação de que os dois homens são seguranças da instituição foi fornecida por estudantes e comerciantes da região, mas a direção da Faculdade negou a relação. Segundo a diretora Maria Helena Mota, as vítimas estavam conversando a cerca de 300 metros da instituição quando foram atacadas.

“Não são funcionários da Faculdade. Nossos funcionários estavam acompanhando os estudantes no momento em que tudo aconteceu. Deram socorro e chamaram a polícia, mas não foram vítimas dos bandidos. As pessoas baleadas não trabalham na instituição”, afirmou.

O crime aconteceu logo depois das 21h, na Rua Wanderley Pinho. A estudante, que cursa Administração, contou ao CORREIO que os assaltos na região são constantes e, na noite de ontem, a turma pediu que o professor liberasse mais cedo para que retornassem para casa em segurança.

Na manhã de hoje foi possível ver marcas de tiros por toda parte e sangue até
no portão da empresa de reciclagem que fica na rua (Foto: Luciano Júnior)

“Já estávamos no caminho do ponto em frente à empresa de reciclagem. Quando nós passamos por eles (seguranças) e demos ‘boa noite’, a Hilux branca chegou e os caras foram dizendo ‘é polícia, é polícia’ e atiraram do carro mesmo”, lembra a estudante. “Quando o bandido tirou a arma pela janela do carro, quase pega em mim. Era um homem branco no banco do carona. Tinha umas quatro pessoas no carro. Foi tudo muito rápido. Quando eles gritaram ‘é polícia’, achamos até que era brincadeira”, conta.

A estudante estava na companhia de outros oito colegas e disse que, no momento dos disparos, todos correram e se jogaram no chão para se proteger. “Fiquei em desespero, achei que ele ia sair metralhando todo mundo. Fiquei dentro de uma lanchonete esperando minha irmã ir me buscar”.

A aula na faculdade vai até às 22h. Os dois homens, segundo os estudantes, foram contratados pela faculdade para fazer a segurança no entorno, já que uma base móvel da Polícia Militar que teria sido prometida para aquela região não foi instalada.

“Disseram que iriam colocar uma viatura permanente, mas não aconteceu. A faculdade optou por colocar seguranças. Tem na hora que chegamos e saímos. Eles ficam na frente da faculdade quando a gente está em aula. E nos acompanham até o ponto quando saímos, se for necessário”, explica a estudante. Ela informou também que, os seguranças ficam armados e à paisana, para não chamar a atenção.

No ataque, Alexandre foi baleado. Já Robson acabou se ferindo quando se jogou no chão para se proteger. A estudante lembra, ainda, que após fazerem o retorno para ir embora, os bandidos perceberam que Robson levantou e saiu correndo.

“Meu colega correu com ele. Os bandidos voltaram a atirar. Achamos até que nosso colega estava ferido. O pessoal que vende colchão (num estande próximo) deu socorro. Ficamos todos escondidos atrás das camas”, disse. Nenhum estudante foi baleado, mas muitos sofreram escoriações ao tentar se proteger.

Insegurança e medo
Na manhã de hoje era possível ver marcas de tiros e sangue até no portão da empresa de reciclagem. A estudante da faculdade aproveitou para reclamar da segurança naquela região. “Não consegui dormir essa noite. Moro num bairro de pobre, mas nunca presenciei uma coisa dessa. Estou sem acreditar até agora. Por um triz não recebi tiro. Não se pode mais estudar e sair pra lugar algum”.

Uma moradora da região, que preferiu não se identificar, contou que ouviu pelo menos 10 tiros e viu a correria e gritos dos universitários. “Até eu, que estava em casa, fiquei com medo. Cheguei a me abaixar no chão. A gente percebeu que eram armas potentes, algumas pessoas viram”.

Outra moradora contou que a situação causou pânico até em quem não estuda na faculdade. “Minha sobrinha estuda na Unirb e ligou apavorada. Ficou sabendo por colegas que estudam na Hélio Rocha. Tive que ir buscar ela por causa do pânico que gerou”.

Um comerciante da rua contou que o segurança é conhecido. “É um rapaz gente boa, já trabalha aqui há um tempo e é o que chega primeiro. Os seguranças ficam escoltando os estudantes, da rua principal até a porta da faculdade, porque tem muitos assaltos”, diz.

O caso está sendo investigado pela 16ª Delegacia (Pituba). Segundo a titular da unidade, Maria Selma Lima, os bandidos ainda não foram identificados. “Solicitamos as imagens das câmeras de seguranças para poder identificá-los. Uma equipe (de investigadores) está no HGE tentando levantar mais informações sobre esse caso. Estamos investigando”, afirmou.

Em, nota a assessoria da Polícia Militar informou que viaturas da 35ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/ Iguatemi) estiveram no local e socorreram os baleados para o HGE. Ninguém foi preso.

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