Sem secretários na Casa Civil e Serin, Rui irrita aliados

Por Lucas Arraz

Sem escolher novos titulares para a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais (Serin), o governador Rui Costa tem irritado a base aliada por não se mostrar disposto a discutir política em ano de eleição municipal. O perfil apolítico, inclusive, gerou comparações do governador com a ex-presidente Dilma Roulseff, deposta após perder apoio no Congresso Nacional.

Além de não escolher sucessores para os ex-secretários Bruno Dauster e Cibele Carvalho, o que tem irritado aliados é o fato do gestor não ter realizado, ainda este ano, uma reunião do conselho político para deliberar sobre os pleitos em Salvador e no interior do estado. Devido a uma cirurgia no início do ano, o governador ainda ficou devendo um encontro com os deputados federais para tentar unificar as candidaturas nas maiores cidades da Bahia.

Sem a palavra do conselho político, a base aliada reclama também que pode não conseguir aproveitar o bom resultado do grupo nas urnas que elegeu o governador para o segundo mandato e grandes bancadas estaduais e federais.

Reservadamente, um membro da cúpula política de Rui comparou o governador com a ex-presidente Dilma Rousseff, pela falta de disposição para discutir política. “O que dizer de um governo que não tem um secretário de Relações Institucionais e secretário da Casa Civil? Tem 5 meses que ninguém fala de política no governo. A base está desmoronando. Derretendo igual a sorvete. Parece o governo Dilma. Temos um governador que menospreza a atividade política. O governador não é político, é gerente”, disparou o parlamentar aliado que preferiu não se identificar.

Apesar das reclamações da falta de interesse de Rui em discutir política voltarem à tona na base, elas não são novas e antecedem a pandemia do coronavírus, que tem tomado o tempo do gestor. Ainda em 2019, deputados estaduais relataram ao Bahia Notícias a dificuldade de marcar um encontro com Rui para conversar. O petista respondeu que o sentirmento de saudade era bom.

JOGO ROLANDO SEM O CAPITÃO
Sem a anuência de Rui, os partidos na capital baiana estão se arranjando como podem. O PP do vice-governador João Leão anunciou recentemente aliança com o PCdoB de Olívia Santana, enquanto o Podemos, do deputado federal Bacelar, fechou uma aliança com o PTC e Rede para disputar a prefeitura de Salvador e agora encaminha conversas com o PSB.

EM DEFESA DE RUI
Para o deputado estadual Robinho (PP), as críticas a Rui não fazem sentido em meio a pandemia. “A gente vive um momento difícil. Em um contexto em que os agentes políticos estão isolados, está difícil fazer a política andar com naturalidade”, disse. O progressista, no passado, foi um dos críticos ao modo como o governador fazia articulações políticas com a base.

O parlamentar ainda defendeu que a Serin está funcionando, ainda que conte apenas com o secretário interino Jonival Lucas, promovido de chefe de gabinete a interino com a saída da ex-secretária Cibele Carvalho. “Marquei uma audiência com Jonival para pedir a liberação do comércio no interior com as devidas precauções e fui atendido em uma audiência virtual. As coisas estão funcionando como podem”, completou Robinho.

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