Taxa de contágio da Covid-19 volta a subir em Pernambuco

Centro do Recife
Durante entrevista coletiva concedida de forma remota, nessa terça-feira (28) o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, disse que, após algumas semanas abaixo de 1, o número de reprodução efetiva (Rt) – ou taxa de transmissibilidade ou de contágio – da Covid-19 em Pernambuco voltou a subir.

Desde o dia 22 de julho, o Rt da Covid-19 no Estado vem apresentando crescimento constante de acordo com gráficos do Instituto para Redução de Riscos e Desastres de Pernambuco (IRRD-PE). “Em 22 de junho, o Rt estava em 0.89 no Estado. De lá para cá, chegou a subir para 1.26 e, agora, está em 1.21. Essa taxa oscila a cada dia e é como se fossem juros. No caso, como se tivesse cerca de 22% de juros ao dia. É muita coisa”, pontuou o professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e vice-coordenador do IRRD-PE, Jones Albuquerque.

Jones Albuquerque explicou que esse aumento acontece de forma homogênea em todo o Estado, incluindo a Região Metropolitana do Recife (RMR), área citada pelas autoridades sanitárias como em tendência de queda de casos da Covid-19. “Teve aumento em todo o Estado. Algumas gerências de Saúde menos, outras mais. A RMR, mesmo com todo o esforço visto, volta a ter aumento. Isso preocupa porque a consequência é o óbito”, disse. “Quando olho esse número de 1.21, mesmo diante da subnotificação, fico muito preocupado”, completou.

Segundo ele, foi com dados do IRRD que a Comunidade Europeia esquematizou o retorno das atividades, tendo sempre como norte de referência o número de infectados e a taxa de transmissão. Na Alemanha, por exemplo, só começaram a reabrir quando o Rt chegou a 0.7, considerada uma zona segura. “O mais próximo que chegamos disso foi em 26 de março, com 0.79. Na quarentena rígida na RMR (na segunda quinzena de maio), teve um indicador de chegar perto, mas nunca estivemos na zona segura mesmo”, explicou.

Na coletiva, o gestor da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), André Longo, pontuou que o aumento da capacidade de testagem, passando a incluir todas as pessoas com sintomas de síndromes gripais, mesmo leves, pode ter influenciado nesse aumento. “Mais de 90% dos casos que estamos notificando são de testes rápidos. Às vezes, casos já encerrados. Basicamente, quando tem um teste rápido positivo, o vírus já não transmite, é a fase final da doença. Nos orientamos menos pelo Rt e mais pelo comportamento de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), pelas taxas de ocupação e pressão no sistema hospitalar e pelos óbitos de acordo com a data de ocorrência. É muito importante expandir nossa capacidade de testagem, sobretudo de RT-PCR, que são pessoas que transmitem o vírus, para entender melhor esse Rt”, explicou.

Segundo Longo, a estratégia de testagem em Pernambuco deve entrar em nova fase a partir de agosto. “Temos a expectativa de passar a testar com RT-PCR não só todos os sintomáticos, mas também os seus contatos, para poder rastrear a velocidade de transmissão e conter surtos com mais agilidade.”

Pernambuco tem, no momento, 15.328 casos ativos da Covid-19, dos quais 4.303 são pacientes graves. Entre os que foram diagnosticados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada ao novo coronavírus, 328 estão em isolamento domiciliar e 3.975 encontram-se internados, sendo 3.613 em leitos de enfermaria e 362 em regime de terapia intensiva (UTI). Em todo o Estado, são 89.679 pessoas oficialmente diagnosticadas e notificadas pela SES-PE como expostas ao novo coronavírus no Estado. Desse total, 67.929 obtiveram cura clínica, enquanto 6.421 não resistiram à Covid-19. Há ainda 38 óbitos suspeitos em investigação.

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