Temer sabia que seria preso assim que saísse do governo

Enquanto esteve na Presidência da República, Michel Temer conseguiu que a Câmara Federal negasse autorização ao Supremo Tribunal Federal para instaurar um processo contra ele por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ele presidiu a Casa em três ocasiões e isso lhe deu condições de conhecer a alma dos parlamentares e como se deve proceder para que eles votem favoravelmente a projetos de interesse do governo.

Tanto é verdade que mesmo com a popularidade no fundo do poço, Temer conseguiu os votos necessários para se livrar dos dois processos que poderiam custar-lhe o mandato. No entanto, assim que passou a faixa presidencial para Jair Bolsonaro, Temer, que não é burro e nem analfabeto, começou a suspeitar de que o seu destino seria exatamente igual ao do ex-presidente Lula: a prisão. Não tinha mais prerrogativa de foro e iria responder à Justiça como cidadão comum. Ainda é cedo, todavia, para saber se o juiz que mandou prendê-lo, Marcelo Bretas, quis entrar para a história como seu ex-colega de Curitiba, Sérgio Moro, que mandou prender o ex-presidente Lula, ou se foi precipitado ao tomar por base o depoimento de um delator para afirmar que Temer fez parte de uma “organização criminosa” durante 40 anos.

Bem, levando-se em conta que Temer presidiu o PMDB e que o partido abriga em seus quadros presidiários como Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Sérgio Machado, Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, a tese da “organização criminosa” faz sentido. Mas, por se tratar de um ex-presidente da República, talvez a prisão preventiva tenha sido precipitada. No caso de Lula, a investigação foi longa e ele só foi para a cadeia após a sentença de Sérgio Moro ter sido confirmada em segunda instância. No caso de Temer, a impressão que fica é que o juiz quis mostrar serviço para não ficar inferiorizado (em fama) em relação ao seu ex-colega de Curitiba, que hoje é ministro da Justiça. (Inaldo Sampaio)

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