Identificar os fatores de risco de qualquer doença é o primeiro passo para a prevenção adequada e eficaz. No caso do câncer, embora haja aspectos visíveis como idade, estilo de vida – tabagismo, sedentarismo e sexo – que podem favorecer o aparecimento da doença, também existem influenciadores mais complicados de acompanhar. O fator hereditário é um deles.

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Mutação dos genes pode apontar precocemente o risco de câncer

Câncer de mama, próstata e ovários estão aqueles que possuem forte influência familiar. É importante destacar, porém, que todos são genéticos. A diferença está no fato de que, enquanto algumas mutações são adquiridas ao longo da vida, outras podem estar presentes desde o nascimento. O mapeamento genético , então, ajuda a identificar esses casos.

Além de possibilitar um acompanhamento atento, o teste é uma forma de proteger a família de quem já foi diagnosticado com o câncer, identificando precocemente riscos futuros. “Entre outros critérios, o mapeamento costuma ser indicado para pessoas que possuem muitos casos de câncer na família ou diferentes tumores em si mesmo”, explica a oncologista Daniela Bevilacqua, especialista em avaliação de predisposição hereditária ao câncer.

Quem deve fazer o mapeamento genético?

Para quem nunca teve a doença, a recomendação é feita principalmente quando há muitos casos de tumores malignos na família. “Principalmente quando há histórico no pai ou na mãe. Dependendo do câncer específico, isso também vai falar mais ou menos à favor de alguma alteração. Se há outros indivíduos que não tiveram o câncer, mas fizeram o teste e descobriram uma mutação , o teste também é recomendado para outros membros da família”, explica a profissional.

Após a realização do exame, caso seja identificada alguma alteração nos genes relacionados – que variam de acordo com o tipo de câncer – é possível iniciar um monitoramento direcionado e até mesmo intervenções cirúrgicas que possam impedir o desenvolvimento da doença.

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Câncer de próstata está entre os tipos de mutação com fatores genéticos

É fundamental destacar, porém, que a presença de genes com mutação não significa, necessariamente, a certeza de que um câncer surgirá. “Um dos critérios que eu levo em consideração antes de recomendar o exame é a idade e preparo emocional do paciente. Às vezes o impacto psicológico do teste pode ser alto e se a pessoa não estiver preparada para isso, eu não recomendo” diz Daniela.

Quanto custa fazer o mapeamento genético para o câncer?

Embora seja importante tanto para a prevenção de doenças quanto para o avanço de pesquisas sobre o câncer, o mapeamento genético ainda é pouco popular no Brasil e não possui suporte pelo Sistema Único de saúde (SUS). No momento, um Projeto de Lei que lei que busca assegurar a realização gratuita do teste às mulheres com alto risco de desenvolver câncer de mama, tramita em caráter conclusivo ca Câmara.

Já a Agência Nacional de Saúde Suplementar determina em suas normas a cobertura obrigatória de alguns testes genéticos pelos planos de saúde. A lista completa está disponível no rol da ANS .

Em laboratórios particulares, o sequenciamento dos genes BRCA1 e BRCA2 – teste mais comum para detectar a propensão ao câncer de mama – custa entre R$1.300 e R$4.500. Já o painel genético completo, que pode identificar outras mutações relacionadas ao desenvolvimento do câncer, pode custar até R$15 mil.