Torcedora com doença rara usa o Flamengo para vencer depressão e diminuir ansiedade

Torcedora com doença rara usa o Flamengo para vencer depressão e diminuir ansiedade
Torcedora com doença rara usa o Flamengo para vencer depressão e diminuir ansiedade Foto: Arquivo Pessoal
Marcello Neves

A vida da rubro-negra Marcelle Silva sempre foi cercada de remédios, tratamentos clínicos e cirurgias. Vítima da Síndrome de Turner, uma doença genética rara, a torcedora também teve que conviver com crises de ansiedade e depressão. Mas foi no Flamengo que ela encontrou um motivo para sorrir, melhorar e, por quê não, viver. Apegada ao clube, deu a volta por cima e conta essa história ao EXTRA.

Marcelle tem 23 anos e mora em Duque de Caxias, no Rio. Ao nascer, foi diagnosticada com Síndrome de Turner, uma condição genética onde o indivíduo nasce com apenas um cromossomo X. Esta doença que atinge uma em cada 7.000 mulheres e traz ao seu portador diversas sequelas — no caso da torcedora, escoliose congênita, atrofiamento do rim esquerdo, sopro no coração e ausência completa no útero.

— Recebia um auxílio do INSS por ter escoliose congênita, porém tive que interromper o tratamento este ano pois meu auxílio foi suspenso. Comecei a receber somente em 2013 pois o grau da minha curvatura impede de eu trabalhar por não poder ficar muito tempo em pé e nem muito tempo sentada — conta Marcelle.

Torcedora com doença rara usa o Flamengo para vencer depressão e diminuir ansiedade
Torcedora com doença rara usa o Flamengo para vencer depressão e diminuir ansiedade Foto: Arquivo Pessoal

Durante a infância, o grau de curvatura da escoliose se agravou e foi necessário entrar na fila de cirurgia do Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia com apenas cinco anos. O problema é que a torcedora só foi atendida quando tinha 15, quando o problema chegou em um ponto de comprimir seus pulmões e afetar em hábitos diários, como subir passarelas, escadas e andar de bicicleta.

Após a cirurgia, veio a depressão. Como a escoliose estava avançada, os médicos não poderiam corrigir em 100% pois havia risco de morte e paraplegia. Além do estresse pós-traumático, um paciente morreu ao lado de Marcelle no CTI. Foi o estalo para a junção de outro problema: a pressão por resultados na faculdade. Ela convive com o distúrbio desde 2017.

— Eu estudava que nem louca, passava altas madrugadas em claro e mesmo assim tirava nota baixa, isso foi me desmotivando e botei na cabeça que era “burra”. Isso me ocasionou várias crises de ansiedade e pensamentos suicidas — conta Marcelle, que sempre estudou em escola pública e entrou para a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Marcelle com a mãe Ana Paula
Marcelle com a mãe Ana Paula Foto: Arquivo Pessoal

Então, o Flamengo apareceu. Tudo começou com a sua mãe Ana Paula, de 50 anos, que colocou um jogo do Flamengo pelo celular para assistir e ficar mais calma. Durante a terapia, o psicólogo que cuidava da torcedora orientou que ela focasse nas coisas que gostava de fazer — entre elas, o próprio rubro-negro.

— Durante a terapia, meu psicólogo me orientou a focar nas coisas que eu gostava de fazer e uma dessas coisas era acompanhar o Flamengo e estar no Maracanã. Como este clube é importante na minha vida neste aspecto. Além de ajudar a controlar esta doença, o Flamengo me trouxe vários amigos que jamais iria imaginar em ter em minha vida — relata.

Desde então, Marcelle passou a ir aos jogos no Maracanã e recuperou a auto-estima. O sonho dela é ir para Lima, para assistir a final da Libertadores. Sem dinheiro, irá rifar um uniforme de 2017, autografado pelo Zico para arrumar fundos para a final. Resta saber se o sonho se tornará realidade.

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