Transposição: assinado contrato para concluir eixo norte

Estação elevatória em Cabrobó, no Sertão pernambucano (Foto: Divulgação)
Estação elevatória em Cabrobó, no Sertão pernambucano (Foto: Divulgação)

Dez meses depois da saída da Mendes Júnior da obra do eixo norte da Transposição do Rio São Francisco, o Ministério da Integração Nacional assinou nesta quinta-feira (20) com o consórcio Emsa-Siton o contrato para concluir o projeto. As empresas venceram a licitação aberta no início deste ano após as duas primeiras serem desabilitadas, mas apresentaram orçamento de R$ 516,84 milhões, mais do que a proposta de R$ 442 milhões apresentada pela primeira colocada.

Envolvida na Operação Lava Jato, a Mendes Júnior pediu para sair dos canteiros em junho do ano passado, no início do governo Michel Temer (PMDB), paralisando as obras entre Cabrobó, em Pernambuco, e Jati, no Ceará. A licitação para substituir a empreiteira, porém, só foi iniciada em dezembro.

O passo seguinte do processo, segundo a Integração Nacional, será a publicação do Extrato de Contrato entre o ministério e o consórcio no Diário Oficial da União. Depois disso, a ordem de serviço é assinada.

A expectativa é de que as obras sejam concluídas até o fim do ano, quando a água deve chegar ao reservatório de Jati. estimativa é de que mais de 5,2 milhões de pessoas sejam beneficiadas só pelo trecho em que as obras estavam paradas, que tem 260 quilômetros de extensão.

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Obra estava parada no trecho 1 (Fonte: Ministério da Integração Nacional)

De acordo com o governo federal, os pagamentos às construtoras serão feitos conforme o andamento da obra, após apresentação das medições e apurações mensais de serviços pela equipe técnica do ministério. A seleção das construtoras foi realizada por meio do Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), uma modalidade de licitação mais ágil, em que a documentação das empresas é analisada após a seleção.

Eixo leste

Atualmente, a transposição atende menos de 70 mil moradores de dois municípios, Monteiro, na Paraíba, e Sertânia, em Pernambuco, ambos no eixo leste.

Há também diversas obras complementares atrasadas. Entre elas estão a Adutora e o Ramal do Agreste, essenciais para levar a água do São Francisco a essa região de Pernambuco que é atingida pela seca há mais de cinco anos. A primeira está em andamento desde 2013, com boa parte de recursos da União. A segunda sequer saiu do papel e a previsão é de que seja concluída só em 2020.

Disputa política

A transposição é alvo de três políticos principalmente. Com baixa popularidade no Nordeste, Michel Temer usa a obra para melhorar a avaliação na região. De olho nas eleições de 2018, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também aproveita o projeto para se aproximar dos nordestinos – ele chegou a emprestar bombas através da Sabesp, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, e visitar o canteiro em Sertânia. O ex-presidente Lula (PT), também visando a disputa do ano que vem, foi a Monteiro com uma comitiva petista para o que chamou de “inauguração popular” da obra. (JC)

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