Vice-presidente de futebol do Fluminense descarta medalhão e avisa: ‘Precisamos vender alguém’

Fernando Veiga defende política de pés no chão no Fluminense
Fernando Veiga defende política de pés no chão no Fluminense Foto: Nelson Perez / Pré-Temporada 2017
Rafael Oliveira

O vice de futebol do Fluminense, Fernando Veiga, assumiu com a missão de gerir o departamento com recursos limitados. Sob o mantra da responsabilidade financeira, o Tricolor decidiu contratar pouco. Uma política que será a posta à prova quando a bola rolar. Ele garante que, independentemente dos resultados, a base não será alterada. E antecipa: uma cria de Xerém precisará ser vendida.

Estão preparados para manter esta política quando a bola não entrar?

Sou muito antenado em redes sociais. E vejo que a bola nem rolou e já querem trucidar a diretoria. Normal. Acho que a torcida ainda está sob efeito dos anos de patrocínio forte. Mas hoje vivemos outra realidade. O clube aderiu ao Profut (programa de parcelamento da dívida). Há muita responsabilidade ao fazer esta adesão. Nestas horas temos que deixar a emoção de lado. Loucuras não fazem parte do orçamento.

O orçamento permite trazer um medalhão?

Não temos condição. Temos um elenco ainda grande que precisamos enxugar. Porque é difícil para o treinador trabalhar com muitos jogadores, diminui a qualidade do trabalho. E também porque é difícil pagar todo mundo. Hoje a gente não tem patrocínio master e nem fornecedor de uniforme. Como vamos investir pesado se não temos esta receita? Mas não é por não podermos trazer jogador de seleção brasileira que não podemos ser campeões. O plantel é bom. A gente precisa de contratações pontuais. Talvez não agora. Teremos uma base boa no Carioca e, até o Brasileiro, encaixaremos uma peça ou outra.

Então não virão mais reforços antes do Estadual?

Pode ser que venha. Mas não gosto de dar previsão porque estas negociações são incertas. A gente está trabalhando. Ele pode chegar amanhã ou daqui a 30, 40 dias.

A recusa de alguns atletas em sair está atrapalhando o planejamento do clube?

Atrapalham mais a eles mesmos. Na medida em que não fazem parte dos planos e não jogam, não aparecem para o mercado e se desvalorizam. Não gostaria de ficar parado e sentar num contrato. Dinheiro é bom, mas a gente tem que se mostrar útil.

Eles ficarão encostados?

A gente jamais vai deixar jogador treinando em separado. Outro dia a torcida pediu: “Bota em Xerém treinando ao meio-dia debaixo do sol”. Isso não existe. Mas é aquilo: não vai jogar.

Em 2016, o clube não vendeu jogador, mas recebeu pela saída do Gérson. Este ano alguém terá que sair?

É inegável que, para manter toda a estrutura e investimento, temos que vender jogador. Isso é natural num clube grande. Precisa vender para reinvestir. Não há nada definido, mas a gente vai precisar vender alguém. Não tem como esconder. Mas só vai sair se tiver proposta boa.

Manter-se antenado nas redes sociais não é muita dor de cabeça para um dirigente?

Quando assumi o cargo pensei em apagar todas as contas. Mas mudei de ideia. Busco agregar as críticas construtivas. No Twitter, tento passar um minimo de informação. É complicado porque se dou um dedo, querem a mão. Mas gosto da interação. Só tem que ter cabeça fria, já que as criticas são pesadas. O time nem perdeu e já xingaram minha mãe.

 

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