Wagner ganha PT e ainda conta com golpe do destino para colocar Rui, Otto e Leão sob seus pés

Wagner habilmente assume controle do comando do PT e mostra quem dá as cartas no grupo

O acordo firmado entre os candidatos à presidência do PT estadual Eden Valadares e Lucinha do PT, anunciado por ambos ontem à noite, consolidou definitivamente o controle do senador Jaques Wagner sobre o partido, um papel que ele nunca buscou exercer, inclusive, nos anos em que governou o Estado.

Apesar de o entendimento entre os grupos de Wagner, representado por Eden, seu assessor no Senado, e Lucinha, vinculada ao deputado federal Valmir Assunção, ter demorado, por causa de uma divergência em relação ao tempo de exercício do mandato na presidência, não há mais como desfazê-lo.

Os dois grupos juntos passam a deter cerca de 55% dos delegados que escolherão os novos diretório e executiva estaduais do partido, com a perspectiva ainda de agregar novos apoios até outubro, mês da eleição, passando a ser responsáveis pela definição da estratégia política petista para os próximos quatro anos no Estado.

O avanço na direção do consenso entre os dois grupos foi possível porque Valmir teria adiantado que abria mão de exigir que Lucinha assumisse a presidência do partido por dois anos, criando as condições para que o candidato de Wagner exerça o mandato presidencial de quatro anos em sua integralidade.

Éden foi quem primeiro fez a proposta de dividir o período entre os dois grupos na tentativa de acelerar o entendimento, mas voltou atrás ao perceber que acabaria deixando para a aliada os dois anos finais, considerados os mais importantes exatamente porque serão definidores com relação à sucessão estadual de 2022.

O movimento rumo ao acordo pode ser considerado extremamente importante para Wagner porque, embora não haja objeção no PT aos seus planos de concorrer à sucessão de Rui Costa daqui a três anos, ele garante a prerrogativa de forma objetiva e praticamente oficial, deixando clara a estratégia do partido a partir de agora.

Com isso, o ex-governador acaba enterrando os planos de Rui de concorrer ao Senado pelo PT em 2022, já que é consenso de que o partido, depois de uma hegemonia no comando do Estado que fará 16 anos em 2022, dificilmente terá força política para ocupar mais de uma das três vagas da chapa majoritária.

Exatamente por esta razão, o plano de Rui concorrer ao Senado tirava naturalmente Wagner do jogo, passando pela indicação para candidato ao governo de um aliado, o senador Otto Alencar, do PSD, com o apoio dos petistas, uma idéia que o acordo de ontem naturalmente transformou em impraticável.

A composição já era vista em determinados setores políticos do governismo como tão natural que vinha criando uma verdadeira romaria de políticos do interior na direção de Otto, processo que a iniciativa de Wagner de tomar o controle do PT passa, na visão de seus aliados, a desestimular a partir de agora.

Para o senador petista, o processo precisava ser coroado, no entanto, com o compromisso de Rui de cumprir o mandato de governador até o fim para evitar uma desorganização da base com a entrega, obrigada pelo prazo de desincompatibilização, do governo ao vice João Leão (PP), que poderia, inclusive, decidir concorrer à reeleição.

Neste particular, Wagner teria contado com um golpe de sorte do destino: a inusitada entrevista do governador à revista Veja, de ampla repercussão negativa no PT, que culminou com as duras críticas de Lula ao baiano, sepultando qualquer sonho de Rui de concorrer, como alternativa, à Presidência da República pelo PT.

Fonte:Política Livre

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