Wagner sobre Cerb: ‘Se tem algo errado, prenda gente do Judiciário’

Ex-superintendente da Odebrecht, André Vital disse que empreiteira condicionou pagamento de débito da companhia a doação na campanha de Rui Costa

Rodrigo Daniel Silva
(Foto: Reprodução/ EBC)
Foto: Reprodução/ EBC

 

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner (PT), disse, nesta quinta-feira (20), que se houve “trambique” no pagamento feito pelo seu governo à Odebrecht, para quitar uma dívida da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb) com a empreiteira, “muita gente do Judiciário” tem que ser presa, uma vez que o Estado apenas cumpriu uma decisão da Justiça.

“O Estado foi condenado pelo Judiciário [a pagar a dívida]. Se tem alguma coisa errada com aquele pagamento, tem que prender muita gente do Judiciário, porque foi o Judiciário que condenou o Estado a pagar uma dívida antiga, de 1989. A dívida do Estado era de R$ 1,4 bilhão e nós acabamos fazendo um acordo para pagar R$ 290 [milhões] em 100 parcelas, em oito anos. Eu, na verdade, só fiz beneficiar. Havia uma condenação transitada em julgado, já tinha até o pedido de penhora de máquinas da Cerb, e o valor de condenação era R$ 1,4 bi. Se acha que foi um mau negócio, aí eu não sei. Mas, vou repetir, se teve trambique, foi na condenação do Estado”, afirmou, em entrevista coletiva, em um evento em Feira de Santana.

De acordo com André Vital, ex-superintendente da Odebrecht, a construtora condicionou a doação de campanha para o governador Rui Costa (PT) na campanha de 2014 ao pagamento do débito. “Quando chegou em 2014, na época do planejamento de campanha, Marcelo Odebrecht pediu que eu procurasse Cláudio Melo Filho para dar um recado a Wagner, dizendo que qualquer apoio ao candidato do PT estaria relacionado à resolução do assunto da Cerb”, afirmou o executivo, no acordo de colaboração premiada.

Desafio – O secretário ainda voltou a criticar os delatores da Operação Lava Jato. “Por enquanto [na Lava Jato], só tem notícia de delatores, que, para se safar da prisão, dizem o que querem: verdade e mentira. Eu estou muito tranquilo. […] Deixo só uma pergunta no ar: quero saber qual o delator que tem uma obra superfaturada na Bahia para apontar? Se me apontarem uma, eu posso calar minha boca”, desafiou.

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