Maia responde aos ataques

Atacado pelo ministro Sérgio Moro (Justiça), pelo vereador Carlos Bolsonaro (RJ) e pelo próprio presidente Jair Bolsonaro por causa de um suposto atraso na tramitação da reforma previdenciária, o presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao jornal “O Estado de São Paulo” deste domingo (24) que o governo não tem projeto para o Brasil, além da reforma da Previdência. “É um deserto de ideias e se tem propostas, eu não as conheço. Qual é o projeto do governo Bolsonaro além da reforma da Previdência? Não se sabe”.

Confira:

Por que o senhor decidiu abandonar a articulação da reforma da Previdência?

Maia – Apenas entendo que o governo eleito não pode terceirizar sua responsabilidade. O presidente precisa assumir sua liderança, ser mais proativo. O discurso dele é: sou contra a reforma, mas fui obrigado a mandá-la ou o Brasil quebra. Ele dá sinalização de insegurança ao Parlamento. Ele tem que assumir o discurso que faz o ministro Paulo Guedes. Hoje, o governo não tem base. E não sou eu que vou organizar a base. O presidente da Câmara, sozinho, em uma matéria como a reforma da Previdência, não tem capacidade de conseguir 308 votos.

Mas o senhor continua à frente da articulação?

Maia – Dentro do meu quadrado, sim. Agora, acho que quanto mais eles tentam trazer para mim a responsabilidade do governo, mais está piorando a relação com o Parlamento. O governo precisa vir a público de forma mais objetiva, com mais clareza e com mais energia para a votação da reforma.

O que o presidente Jair Bolsonaro precisa fazer?

Maia – O presidente precisa construir um diálogo com o Parlamento, com os líderes, com os partidos. Não pode apenas declarar que o meu diálogo (com os parlamentares) é pelo “toma lá, dá cá”. A gente tem que parar com essa conversa. Como o presidente vê a política? O que é a nova política para ele? Ele precisa colocar em prática a nova política. Tanto é verdade que ele não colocou que tem (apenas) 50 deputados na base. Faço o alerta: se o governo não organizar sua base, se não construir o diálogo com os deputados, vai ser muito difícil aprovar a reforma da Previdência. O ciclo dos últimos 30 anos acabou e agora se abre um novo ciclo. Ele precisa saber o que colocar no lugar. O Executivo precisa ser um ator ativo nesse processo político.

E não está sendo?

Maia – De forma nenhuma. Ele está transferindo para a presidência da Câmara e do Senado uma responsabilidade que é dele. Então, ele fica só com o bônus e eu fico com o ônus de ganhar ou perder. Se ganhar, ganhei com eles. Se perder, perdi sozinho. Isso, para a reforma da Previdência, é muito grave. Não é uma votação qualquer para você falar “leva que o filho é teu”. Não é assim. É uma matéria que será um divisor de águas, inclusive para o governo Bolsonaro. Então, ele precisa assumir protagonismo. Foi isso o que eu falei. Não vou deixar de defender as coisas nas quais tenho convicção porque brigo com A, B ou C. Meu papel institucional não é usar a presidência da Câmara para ameaçar o governo.

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