População desenvolveu ‘noção de cidadania’ e faz mais denúncias ao MP, diz Rita Tourinho

Em entrevista à Rádio Metrópole, promotora também fez críticas à morosidade do Judiciário: “A gente tem ação proposta em 2008 que ainda está em andamento”

[População desenvolveu 'noção de cidadania' e faz mais denúncias ao MP, diz Rita Tourinho]
Foto : Matheus Simoni / Metropress

Por Juliana Rodrigues no dia 05 de Fevereiro de 2020 ⋅ 12:25

Em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã de hoje (5), a promotora do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), Rita Tourinho, afirmou que a população tem tomado a iniciativa de denunciar irregularidades ao órgão, diferentemente do que ocorria há alguns anos. Para ela, as pessoas “desenvolveram uma noção de cidadania” e têm se preocupado com o coletivo.

“Acho que as pessoas hoje desenvolveram uma noção de cidadania muito própria. Elas procuram o Ministério Público. Pela própria facilidade de comunicação, hoje você pode receber uma notícia de fato através de e-mail. Às vezes as pessoas levam determinados fatos ao conhecimento do MP, questionam algo que está acontecendo da administração. Percebemos uma participação popular muito intensa nas atividades do MP, e com o sentido do todo, não individual. Antes era muito assim, ‘não, se isso aqui me prejudicar eu vou lá e faço uma representação’. Essa preocupação com o coletivo, o exercício da cidadania, esses são sinais de evolução. Hoje a maioria das representações vem de pedidos de cidadãos”, afirmou, durante o programa Na Linha com Mário Kertész.

Para a promotora, embora o Ministério Público estadual faça sua parte propondo ações, a morosidade do sistema do Judiciário contribui para que a população tenha a sensação de impunidade. “Eu acho que a sensação de impunidade é o grande problema da nossa sociedade, e isso se dá em absolutamente todas as áreas, não só na criminal. Isso parece às vezes muito injusto pra quem acompanha. Até nas nossas ações. A gente tem ação proposta em 2008 que ainda está em andamento. O que é que a população ganha com a condenação de um gestor por improbidade administrativa 15, 18 anos depois? Serviu pra quê aquilo ali?”, declarou, acrescentando que o uso de mecanismos como o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) tem sido uma alternativa para responder mais rapidamente à sociedade.

Questionada por Mário Kertész sobre sua pré-candidatura para as eleições municipais de Salvador, já descartada, Rita afirmou que não pensa em assumir essa responsabilidade agora. Porém, a promotora não descartou a possibilidade para o futuro. “Não sei se eu seria candidata a prefeita porque é uma dificuldade. É pior do que ser governador, no sentido de trabalho, porque tudo que acontece na vida do cidadão é o município. (…) Eu achei interessante quando começou essa história. Eu não vou dizer que nunca vou ter uma candidatura, porque todos nós estamos aqui aptos, somos cidadãos, preenchemos os requisitos constitucionais, mas realmente não é algo que me passa pela cabeça agora”, disse.

A promotora também disse que não se preocupa com eventuais ameaças sofridas por sua atuação. “Se eu estiver fora de cena, outra pessoa estará fazendo o mesmo trabalho. Eu não sou o MP, e todo mundo é substituível”, pondero

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