‘A esquerda não conseguirá governar o Brasil sem uma revolução social’, diz José Dirceu

 

 

Para o ex-ministro, é preciso colocar em prática no Brasil uma revolução como a feita pela burguesia europeia no século XIX: “reforma tributária, política e agrária, que no Brasil é sistema bancário e financeiro, reforma tributária e política”.

José Dirceu
José Dirceu (Foto: Lula Marques)

O ex-ministro José Dirceu afirmou à TV 247 que a campanha eleitoral de 2022 do bloco contrário a Jair Bolsonaro precisa ser pautada em quatro pontos essenciais: a quebra do teto de gastos e da regra de ouro, a mudança da estrutura tributária e do sistema bancário e o firme estabelecimento das Forças Armadas como instituição subordinada ao poder civil.

Para além da revolução social, o petista diz que é preciso também mostrar união para derrotar o bolsonarismo. “Para ter mobilização popular, primeiro temos que estar unidos. Se você se apresenta para a população para enfrentar o governo Bolsonaro e você se apresenta dividido… Não estamos tratando de qualquer governo, não é o Fernando Henrique [Cardoso], não é o Sarney, não é o Collor. Ou não é verdade? Ele não é o que nós falamos? Se ele é o que nós falamos, para governar depois tem que ter muita mobilização popular e o povo consciente. Se queremos governar em 2023, temos que dizer para o povo brasileiro o que vamos fazer, e eu não vejo como tirar o Brasil dessa situação sem uma revolução social, e ela é aquilo que a burguesia europeia fez no século XIX: reforma tributária, política e agrária, que no Brasil é sistema bancário e financeiro, reforma tributária e política”.

“O Brasil não cresce porque a população não tem renda. Se ela tivesse renda nós estávamos crescendo, e a demanda está aí, a necessidade extrema pela desigualdade brutal que nós temos no Brasil”, completou.

PEC Emergencial

Sobre a PEC Emergencial, que propõe o fim do gasto mínimo com educação e saúde no país, Dirceu disse que a estratégia não dará certo, como não deu nas mais diversas partes do mundo que tentaram desvincular o Estado da economia. “Eles estão tirando o Estado da economia totalmente, coisa que não deu certo na Colômbia, no Chile, no Equador, na Argentina, na Bolívia, no México e não dará no Brasil. O mundo está indo em outra direção, basta ver o que o Biden está fazendo, os pacotes do Biden, os pacotes da Grã-Bretanha e as medidas de proteção do mercado das compras governamentais de serviços e da proteção das empresas nacionais, e a proteção inclusive ao cidadão, com suspensão de despejo, com subsídio para aluguel. Não é só a questão da renda e do emprego ou só do auxílio emergencial ou do auxílio à pequena e média empresa. Estão protegendo as economias nacionais”.

“O mundo está mudando e o capitalismo vai ter que se autorreformar pós-pandemia, como se reformou depois da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. O impasse está evidente”, afirmou.

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