Bahia anuncia reintegração de Índio Ramírez, acusado de injúria racial por Gerson

O clube baiano afirma que “os laudos das perícias não comprovam a injúria racial”; a perícia, no entanto, não avaliou o momento em que teria ocorrido o ato denunciado pelo volante do Flamengo

Por Lucas Rocha
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Esporte Clube Bahia divulgou uma nota nesta quinta-feira (24) afirmando que irá reintegrar o meia Índio Ramírez ao elenco após tê-lo afastado por suposto crime de injúria racial contra o volante Gerson, do Flamengo. O episódio teria ocorrido no último domingo (20).

Em carta aberta, o Bahia afirma que “os laudos das perícias em língua estrangeira contratadas pelo Bahia não comprovam a injúria racial” relatada por Gerson, que disse ter ouvido um “cala boca, seu negro” por parte do adversário.

Os laudos do Bahia, no entanto, não analisam a discussão entre os dois, apenas um momento de estranhamento entre Ramírez e o atacante Bruno Henrique – que teria ocorrido logo depois da suposta injúria racial contra Gerson. Enquanto peritos contratados pelo Flamengo alegam que houve nova injúria racial contra o atacante, os contratados pelo Bahia dizem que o colombiano apenas perguntou “tá quanto?”.

Na nota em que anuncia a reintegração do jogador, o Bahia afirma que “ão deve manter o afastamento do atleta Indio Ramírez ante a inexistência de provas e possíveis diferenças de comunicação entre interlocutores de idiomas diferentes”.

A postura contradiz a primeira nota, divulgada na segunda-feira (21), onde o clube dizia que “a voz da vítima é preponderante em casos desta natureza”. Tendo em vista que o laudo pericial não avalia o momento relatado por Gerson, há uma clara contradição na postura.

“O Futebol é reflexo de uma sociedade que, quando não nega o racismo, adere a um populismo punitivista que finge resolver o problema apenas punindo o agressor. Atos de discriminação racial não são ‘casos isolados’”, disse ainda o Bahia.

Segundo o clube, algumas medidas contratuais serão tomadas para evitar casos desse tipo, tais quais a “inclusão de cláusula anti-racista, xenofóbica e homofóbica no contrato dos atletas” e “implantação do projeto “Dedo na Ferida” para o elenco na pré-temporada. Não haverá jogador ou jogadora que vista a camisa do Bahia sem que tenha antes a oportunidade de obter acesso a uma imersão sobre racismo estrutural”.

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