Instituído pela Lei nº 13.054/14, o Dia Nacional dos Profissionais da Educação é celebrado hoje. A data é uma oportunidade para homenagear todos os profissionais que são fundamentais para o funcionamento das instituições de educacão. Entre eles estão diretores, vice-diretores, coordenadores, secretários, supervisores, técnicos em educação, bibliotecários, além dos funcionários de limpeza, merendeiras e porteiros, dentre outros.
Na Bahia, o impacto desses profissionais é significativo. O estado conta com mais de 36 mil professores, que atendem cerca de 700 mil alunos em 1.762 instituições de ensino. Essas escolas abrangem desde unidades regulares e anexos até escolas de família agrícola, refletindo a diversidade e a amplitude do sistema educacional baiano.
Há 30 anos trabalhando como merendeira do Colégio Estadual Professor Rômulo Almeida, Helena Lago, mais conhecida como “Tia Lena”, serve os alunos com carinho e atenção. Sua trajetória colegial não é apenas marcada pelos pratos servidos, mas pelo vínculo afetivo criado com os estudantes, muitos dos quais já adultos, que ainda a procuram para agradecer. “Os meninos eram muito apegados a gente, né? Até hoje, quando me encontram, me chamam de ‘Tia Lena’. É muito emocionante”, conta.
Vocação
Cláudio Trindade, hoje um respeitado professor de matemática, começou sua trajetória educacional na Ilha de Itaparica, onde enfrentou muitos desafios. Nascido e criado na Ilha, Cláudio percorria seis quilômetros todos os dias, ida e volta, para estudar no centro da cidade, enfrentando sol e chuva. A longa distância e as condições adversas não o desanimaram, pelo contrário, fortaleceram sua determinação em busca da educação.
Desde jovem, Cláudio demonstrou uma paixão natural pelo ensino. Aos 12 anos, aproveitou as pontas de giz que sua professora do primário usou para ensinar, e começou a alfabetizar seus vizinhos. Esses primeiros passos como educador, apesar das dificuldades, foram fundamentais para moldar sua vocação e seu compromisso com a educação. Claudio reconhece o valor das dificuldades que enfrentou e hoje usa como motivação para apoiar seus alunos, ajudando-os a superar seus próprios obstáculos.
Bahia conta com mais de 36 mil professores que atendem cerca de 700 mil alunos em 1.762 instituições
“É o papel da gente de fazer, não de ser pai do aluno, mas de chamar a atenção e reforçar o propósito que a gente tem dentro da escola, que é de fazer uma escola decente, onde o aluno possa realmente adquirir os conhecimentos e levá-los para a vida”, destaca.
Bacharel em Estatística e licenciado em Matemática, Cláudio traz uma base sólida de conhecimento para suas aulas, especialmente voltadas para a preparação dos alunos do 3º ano para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com 45 anos de trabalho, sendo 26 dedicados ao ensino, com uma metodologia que vai além do ensino convencional, ele utiliza ferramentas tecnológicas para enriquecer a experiência de aprendizado. Para aqueles alunos que não têm acesso a celulares, ele organiza atividades em grupos para garantir que todos possam participar.
“Quando estou ensinando estatística, peço aos alunos que usem seus celulares para pesquisar dados e números sobre estatísticas, como inflação, acidentes ou homicídios. Dessa forma, eles podem ver como a ciência da estatística é aplicada no dia a dia e como o tratamento da informação funciona na prática. Utilizo também aplicativos como o Kahoot e o Plickers para facilitar a avaliação. Com o QR Code, consigo capturar as respostas dos alunos e obter suas notas imediatamente. Essas ferramentas ajudam a tornar o aprendizado mais dinâmico e eficiente.”
Essas estratégias são também adotadas pelo A TARDE Educação, do Grupo A TARDE, que visa utilizar a tecnologia de maneira eficaz na sala de aula. O objetivo é expandir as oportunidades de aprendizagem, promover a personalização do ensino, aumentar o engajamento dos alunos e prepará-los para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.
Trabalha e estuda
Atualmente no 3º semestre do curso técnico em Segurança do Trabalho, o vigilante do Colégio Rômulo Almeida, Alessandro Simões, decidiu se matricular na instituição, que também oferece ensino profissionalizante, para complementar as atribuições profissionais e expandir o currículo. Ele afirma que adora estudar e trabalhar no mesmo lugar.
“Estou muito feliz com o que está acontecendo na minha vida. Os professores que lecionam aqui pela manhã também costumam dar aulas à noite. Estou me dedicando tanto à minha carreira quanto aos meus estudos, buscando me tornar um ser humano e um profissional melhor e atender minhas próprias expectativas”, relata Alessandro.
Entre os que passaram pelas salas de aula da instituição de ensino está Elísio Santos, que iniciou sua trajetória na escola em 1992. Após acumular experiências significativas em outras instituições, Elísio retornou ao Rômulo Almeida como diretor em 2014, onde atua há 10 anos, liderando, ao todo, 168 profissionais.
“A educação é uma vida diferente para quem é professor, para quem gosta”, afirma ele, ressaltando o impacto positivo que a profissão teve em sua vida. O encontro com antigos professores em sua trajetória é uma lembrança que fortalece seu compromisso com a educação.
Sob a gestão de Elísio, o Colégio Rômulo Almeida adotou uma abordagem inclusiva e integrada que valoriza todos os profissionais da escola. Ele acredita que cada membro da equipe, desde a portaria até a merendeira, desempenha um papel importante no processo educativo.
“Sempre foi uma marca nossa em fazer com que esses profissionais, mesmo aqueles que não estão diretamente ligados à formação técnica dos estudantes, reconhecessem seu papel como educadores. Eles são educadores. Desde o pessoal da portaria até os responsáveis pela merenda, todos desempenham um papel ativo no ambiente escolar. Isso cria uma relação de profundo respeito entre os funcionários e os alunos, refletindo a importância de cada um na vida escolar”, pontua Elísio.
Com 26 anos de experiência em educação, a coordenadora do Colégio, Geane Queiroz, começou sua carreira no Colégio Estadual Azevedo Fernandes, no Centro Histórico de Salvador, uma experiência que moldou sua visão educacional. “Aprendi muito trabalhando com a clientela do Pelourinho”, lembra.
Geane vê a educação como uma vocação e sente-se realizada por desempenhar esse papel. “Sou educadora porque me sinto realizada. Acredito que não haveria outro papel que eu desempenhasse com tanta satisfação quanto o de educadora. Sei que nem sempre colhemos os frutos imediatamente, mas estamos sempre plantando sementes. Com certeza, um dia essas sementes vão florescer. Essa é a minha esperança”, conclui.