Dois ministros na corda bamba

Opinião

Governo tem timing e quando se perde as coisas se complicam. Ninguém entende a razão do presidente Lula não ter se livrado de dois pesos-pesados em seu governo: a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, ambos do União Brasil, partido com postura de oposição na Câmara dos Deputados.

Também conhecida como Daniela do Waguinho, atual prefeito de Belford Roxo (RJ), a ministra enfrenta uma série de acusações. O MP caracterizou Waguinho e seu grupo político como uma organização criminosa que teria causado danos superiores a R$ 14 milhões aos cofres da Prefeitura de Belford Roxo, através do favorecimento de um grupo de empresários por meio de fraudes em licitações.

Em sua primeira campanha para deputada federal, em 2018, Daniela atuou lado a lado com o miliciano Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado a 22 anos de prisão por homicídio. Segundo as sentenças que condenaram Prudêncio, ex-sargento da Polícia Militar entre 2010 e 2014, ele era chefe do Bonde do Jura, uma milícia acusada de uma série de homicídios na Baixada Fluminense.

Já o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, que já foi acusado de usar irregularmente voos da FAB, agora é suspeito de ter criado um gabinete paralelo para o sogro despachar dentro do Ministério. Segundo reportagem do Estado de São Paulo, o empresário Fernando Fialho, que não possui nenhum cargo público, recebe pessoas e conduz reuniões na pasta.

O ministro direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a oito fazendas da sua família. As propriedades ficam em Vitorino Freire (MA), onde a irmã dele, Luanna Rezende, é prefeita. No total, a obra para asfaltar a estrada foi orçada em R$ 7,5 milhões. Apenas o trecho de 19 km, que passa em frente às fazendas da família de Juscelino Filho, custou R$ 5 milhões. O restante atende 11 ruas em povoados da cidade.

Juscelino não informou um patrimônio de pelo menos R$ 2,2 milhões em cavalos de raça ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele entregou a declaração de bens em 2022, quando registrou sua candidatura a deputado federal. Ele informou um patrimônio de R$ 4,457 milhões em sua declaração ao TSE. O valor declarado é semelhante aos R$ 4,426 milhões que ele movimentou em leilões desde 2018, segundo o Estadão.

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