Dono de ferro-velho onde jovens desapareceram tem pedido de prisão revogado pela Justiça

Sumiço de Paulo Daniel e Matuzalém é investigado desde novembro de 2024

Por: Elaine Sanoli/Bruno Wendel, do Correio

Empresário Marcelo Batista da Silva Crédito: Reprodução

Marcelo Batista da Silva, empresário e dono do ferro-velho onde dois jovens desapareceram em novembro do ano passado, teve o pedido de prisão revogado pela Justiça baiana. Com a decisão, ele deixa de ser considerado foragido por suposto envolvimento no sumiço de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz. As informações são do Tribunal de Justiça da Bahia, que indicam que o ex-policial militar tinha mandado de prisão decretada por homicídio, ocultação de cadáver, grupo de extermínio, milícia armada e tortura.

“A presente decisão serve como ALVARÁ DE SOLTURA, assim como ofício, devendo ser comunicada a revogação de prisão dos Denunciados às Vara Criminais nas quais responda a outros processos”, informa o documento da decisão.

A defesa de Marcelo Batista foi procurada pelo CORREIO para um pronunciamento, mas não houve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

Os jovens já estão desaparecidos há três meses e as famílias seguem sem respostas sobre o paradeiro dos dois. “A gente não vai deixar do jeito que está, nós vamos dar continuidade, queremos resposta. Se a polícia é conivente essa situação, o problema é deles, mas nós precisamos de uma resposta”, afirmou a tia de Paulo ao CORREIO.

O mesmo documento também revogou a prisão de Marcelo Durão Costa e Clóvis Antônio de Santana Durão Júnior, sob a condição do uso de tornozeleira eletrônica como medida cautelar. O documento justifica que o relaxamento da prisão foi acolhido após alegação de “ausência da comunicação da prisão à família dos presos, são réus primários, de bons antecedentes, com ocupação lícita definida como Servidor Público do Estado da Bahia, residências fixas, famílias, etc.”.

Segundo a Justiça, o pedido foi deferido “porque inexistem nos autos elementos demonstrativos da necessidade de se manter a prisão processual dos indiciados, estando claro que não pretendem eles furtar-se à aplicação da lei penal, vez que possuem endereço conhecido, podendo ser localizados a qualquer momento para a prática dos atos processuais, sendo domiciliados no distrito da culpa.” No entanto, a decisão não esclarece a razão para revogação do pedido de prisão de Marcelo.

Em janeiro deste ano, a Polícia Civil apreendeu o celular da mãe de Marcelo Batista, apontado como mandante dos assassinatos dos dois funcionários. Ela usava o aparelho para falar com o filho. De acordo com fontes da Polícia Civil, a mãe confirmou que Marcelo estava na Bolívia, numa fazenda de produção de cocaína, sob a proteção do Comando Vermelho (CV).

Organização Internacional de Polícia Criminal chegou a ser acionada para que Marcelo fosse preso no exterior. A lista pública da Interpol reúne foragidos da Justiça de diversos países.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *