Presidente da República baseia seu argumento em um vídeo anônimo que alega suposta fraude nas urnas eletrônicas de votação
Reprodução: iG Minas Gerais

Presidente da República baseia seu argumento em um vídeo anônimo que alega suposta fraude nas urnas eletrônicas de votação

Nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passou a intensificar a sua campanha em prol do ‘voto impresso’. Com isso, o capitão do Exércio levantou a bandeira de fraude nas eleições presidenciais de 2014, disputadas entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), ao alegar que, no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), houve uma alternância na liderança entre os candidatos em mais de 200 oportunidades durante a apuração . A afirmação, porém, é falsa. As informações são do canal CNN Brasil.

Em entrevista concedida à rádio Jovem Pan News Itapetininga, na quarta-feira (21), Bolsonaro disse que “por 231 vezes [na apuração das eleições], ganhava Aécio, ganhava Dilma, ganhava Aécio. Esse então é o indício mais forte da probabilidade de o sistema não ser seguro”.

A apuração da reportagem teve acesso à planilha do TSE que mostra o número de votos computados ao longo da apuração, entre as 17h01 do dia 26 de outubro de 2014 e as 02h13, já na madrugada de 27 de outubro. Nos dados, o TSE apresentou parciais atualizadas minuto a minuto. Ou seja, foram 333 parciais de apurações apresentadas. Nelas, é possível observar que o candidato tucano dispara na liderança e, às 19h32 do dia 26, ocorre a única mudança na liderança dos votos. Dilma assume a ponta e assim permanece até a conclusão da apuração.

A base da argumentação do presidente Bolsonaro vêm de um vídeo de 2018 em que Naomi Yamaguchi, irmã da médica Nise Yamaguchi, apresenta supostas alternâncias baseado no “incremento” de votos. Segundo alegam, calcular o quanto cresce um candidato durante a apuração poderia evidenciar quem está ‘acelerando’ ou ‘desacelerando’ na apuração. Exemplo: Se um candidato possui 100 votos e, no minuto seguinte, soma 120 votos, o ‘incremento’ seria de 20%.

Mas isso não ocorreu 241 vezes, como o presidente Bolsonaro alega. De acordo com dados do TSE, considerando esta ‘variação de incremento’, a alternância entre Dilma e Aécio ocorreu apenas quatro vezes e em momentos onde Dilma já estava matematicamente eleita: entre 22h28 e 22h34 e entre 22h44 e 22h57.

Ainda assim, o presidente Jair Bolsonaro prometeu revelar em sua live semanal, que ocorre nesta quinta-feira (29), supostas provas de que o sistema de votação eletrônica apresenta fraudes e Aécio teria vencido as eleições em 2014.