Estadão chama Guedes de “Dom Quixote do liberalismo” e tenta descolar ministro de Bolsonaro

Em entrevista gigante – e bajuladora -, Guedes, no entanto, comete ato falho e admite que “a esquerda teve o grande mérito após a redemocratização de incluir os mais pobres nos orçamentos públicos”.

Por Plinio Teodoro

Em entrevista gigante em razão dos três anos à frente do Ministério da Economia de Jair Bolsonaro (PL), o Estadão bajulou Paulo Guedes classificando-o como “Dom Quixote do liberalismo” e fez coro com o ministro à falta de apoio às políticas neoliberais, que segundo ambos, teriam sido sabotadas pelo próprio governo.

“Guedes continua a desempenhar o papel de Dom Quixote do liberalismo em Brasília, mas está se exaurindo no processo. Parece ser mais forte do que ele próprio a determinação de tentar fazer a “coisa certa”, em meio a um grupo de ministros cujas ideias são mais próximas do nacional-desenvolvimentismo predominante no regime militar e repaginado nos governos do PT”, diz o texto de apresentação da entrevista, assinado por Adriana Fernandes e José Fucs.

Guedes aproveita a deixa dos entrevistadores para destilar seu rosário de lágrimas sobre a falta de apoio às políticas privatistas.

“Não tive o apoio que tinha de ter. Realmente, esperava mais apoio para essa agenda”, diz o ministro, ressaltando que o governo “só encontrou eixo parlamentar agora, nos últimos dois anos”, quando cooptou o Centrão com o chamado orçamento secreto.

Em ato falho, Guedes admitiu que “a esquerda teve o grande mérito após a redemocratização de incluir os mais pobres nos orçamentos públicos”, contrariando dois tótens das fake news de Bolsonaro, das críticas aos governos progressistas e da defesa de que não houve Ditadura Militar.

No texto, o Estadão ainda tenta descolar Guedes de Bolsonaro, que virou alvo de críticas do jornal conservador justamente por não levar adiante as políticas neoliberais – e não pelos constantes ataques à democracia e aos direitos humanos.

“Movido por uma resiliência surpreendente e pelo que define como “senso de compromisso e de responsabilidade com 200 milhões de brasileiros”, ele procura levar adiante a sua agenda de reformas e de modernização do Estado, apesar das seguidas rasteiras que leva do presidente Jair Bolsonaro e da oposição escancarada de colegas da Esplanada dos Ministérios e de parlamentares ligados à base governista no Congresso”, diz o texto bajulador do jornal.

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