Fluminense responde bem à ausência de torcida e faz sua melhor campanha como mandante no Brasileiro desde 2015

Marcos Paulo marcou um dos gols na vitória do Fluminense sobre o Santos, no Maracanã

Marcos Paulo marcou um dos gols na vitória do Fluminense sobre o Santos, no Maracanã Foto: Alexandre Cassiano
Rafael Oliveira

Um ironia circunda a boa campanha do Fluminense no Brasileiro. Dos 29 pontos que colocam o time na quarta colocação, 21 foram conquistados na condição de mandante dos jogos. Os bons resultados em casa até aqui — o que não ocorreu nas últimas edições do torneio — se dão justamente no ano em que as partidas são disputadas com portões fechados, o que mostra uma resposta positiva dos tricolores à ausência de torcida nas arquibancadas.

Em dez jogos com o mando de campo, o aproveitamento é de 70% . É o melhor primeiro turno dos tricolores em casa desde 2015. Naquele ano, o clube chegou à metade do campeonato com 76,6% e na mesma quarta colocação ocupada atualmente.

Desde então, o desempenho como mandante no primeiro turno vinha despencando. Em 2016, foram 66,6%. Em 2017, 43,3%. No ano seguinte, 51,8%. Já na edição do ano passado, o time registrou seu pior aproveitamento no período com apenas 36,6% dos pontos disputados em casa até a metade do Brasileiro.

Como diversos fatores influenciam na campanha de uma equipe, não há como precisar o quanto a ausência da torcida tem sido preponderante para o resultado positivo deste ano. Até porque há outras diferenças em relação às temporadas anteriores, como uma presença maior de atletas experientes no time e o fato de os tricolores estarem disputando apenas o Brasileirão.

Entretanto, é importante registrar que a relação com a torcida ao longo do atual Brasileiro não tem sido das melhores. Com a proibição de público nos jogos, os tricolores já protestaram em frente à sede das Laranjeiras, no aeroporto e até do lado de fora do Maracanã. Já na arquibancada, o máximo que conseguiram realizar foi uma manifestação silenciosa na qual retiraram as bandeiras que ornam o espaço.

O outro lado da arquibancada vazia

Na comparação com os demais participantes do Brasileiro, o Fluminense é o quinto melhor mandante. Fica atrás de Atlético-MG (85,2%), Internacional (77,7%), São Paulo (75%) e Fortaleza (70,8%). Já em outro ranking, está em primeiro: é o dono do maior prejuízo com jogos, uma liderança que não é motivo de orgulho.

Em nove jogos no Brasileiro como mandante, o déficit dos tricolores com bilheteria já chegava a R$ 1,68 milhão. O borderô financeiro do confronto com o Santos não foi publicado pela CBF até o fechamento desta reportagem. Mas, como o custo médio das partidas é de R$186 mil, é provável que fechem o primeiro turno com prejuízo superior a R$ 1,8 milhão. Isso apenas em jogos da Série A.

A explicação está no custo do Maracanã. Não à toa, o Flamengo vem logo depois entre os clubes com maior prejuízo: R$ 1,3 milhão. A dupla divide a gestão do estádio desde a rescisão do contrato do governo estadual com a antiga concessionária.

Nos últimos anos, os borderôs passaram a registrar prejuízo com bilheteria. Isso porque eles não contemplam as receitas com bares e camarotes. Segundo o Fluminense, esses valores fazem com que os jogos se tornem superavitários. Com as arquibancadas vazias, no entanto, esta conta deixou de fechar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *