FPF e SDS determinam que Pernambuco terá torcida única em clássicos e jogos da Copa do Nordeste

A apresentação para a imprensa contou com a participação de representantes de vários órgãos, incluindo as Polícias Militar e Civil, Ministério Público e Tribunal de Justiça Desportiva (TJD)

Reunião na FPF definiu clássicos com torcida única em Pernambuco
Reunião na FPF definiu clássicos com torcida única em Pernambuco – Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco
Torcida única, sistema de reconhecimento facial, cadastro de torcedores e prisão em flagrante dos envolvidos em confusões entre torcidas organizadas. Essas foram algumas das medidas anunciadas nesta segunda-feira (30) pela Secretaria de Defesa Social (SDS) e pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF) para enfrentar a violência nos estádios de Pernambuco. Outra novidade é a volta da liberação dos instrumentos musicais, que será regulamentada por meio de portaria a ser publicada no Diário Oficial de terça-feira (31).

O conjunto de ações foi informado durante entrevista coletiva após reunião na sede da FPF, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife. A apresentação para a imprensa contou com a participação de representantes de diferentes órgãos, como o secretário executivo de Defesa Social, Alexandre Alves; o presidente da Federação, Evandro Carvalho; a chefe da Polícia Civil, Simone Aguiar; o comandante da Polícia Militar, coronel Tibério César; e o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PE), Renato Rissato Veloso.

Todas essas instituições compõem o Grupo de Trabalho (GT) Futebol, instituído em 2019 para discutir ações de combate à violência nos estádios. A reunião do GT desta segunda (30) foi realizada uma semana depois que três pessoas foram presas por envolvimento na confusão entre as torcidas do Sport e do ABC-RN, no último dia 22 de janeiro.

Uma das principais medidas anunciadas é a implantação da torcida única nos clássicos do Campeonato Pernambucano e nas partidas dos três grandes clubes da Capital – Náutico, Sport e Santa Cruz – no Nordestão, incluindo aquelas contra times de outros estados. A restrição valerá até o dia 6 de março, quando as instituições voltam a se reunir para avaliar se a decisão terá ou não continuidade.

A imposição da torcida única já foi adotada em Pernambuco no ano passado. Em abril de 2022, o Santa Cruz chegou a pedir à FPF a presença da torcida em um clássico contra o Náutico, mas não foi acatado.

“Essas medidas visam permitir a atuação dos órgãos de segurança pública na identificação dessas pessoas que utilizam o artifício de se passar por torcedores para cometer crimes. Não vamos ter pessoas utilizando nomes de clubes de futebol para fazer embates nas vias públicas”, defendeu o secretário executivo de Defesa Social, Alexandre Alves.

Cadastro de torcedores
Os anúncios foram divididos por impactos de curto, médio e longo prazos. Entre elas, está a criação do Programa Torcedor de Carteirinha, pelo qual os torcedores, incluindo aqueles que não são associados, serão cadastrados pelo poder público, gerando um banco de dados sobre eles.

Em paralelo, a FPF informou que vai instalar, sem custo para os clubes, catracas com leitura facial nos estádios do Sport, Náutico, Santa Cruz e na Arena de Pernambuco. A tecnologia ainda não tem data definida para ser instalada.

De acordo com a chefe da Polícia Civil (PC-PE), Simone Aguiar, também há definição sobre como o sistema de leitura facial, junto com a proposta de cadastrar torcedores, será aplicado na prática. “Isso é um projeto-piloto, que vai ter essa conexão. Pelo nosso IITB (Instituto de Identificação Tavares Buril), nós temos um banco de dados digitalizados, tanto em questão de biometria quanto de reconhecimento facial. Mas a gente precisa saber se isso (a tecnologia) ainda vai ser implementado, e a Federação está sendo uma grande parceira”, afirmou.

Além disso, os tumultos registrados em dias de jogos serão interpretados como crime de associação criminosa, e os envolvidos poderão responder por diversos delitos, como furto, roubo, lesão corporal e rixa. A chefe da PC-PE anunciou ainda um novo titular para a Delegacia de Combate à Intolerância Esportiva, o delegado Raul Junges, que, segundo a gestora, é especializado em investigação de crime organizado.

“Vamos trabalhar com a Inteligência da Polícia Civil no combate à associação e à organização criminosa”, disse Simone Aguiar, que classificou como “excelente” a proposta de cadastrar os torcedores. “Vai existir todo um planejamento antes, durante e após os jogos, deixando claro que a investigação acontece depois do crime. Mas a gente está atuando em conjunto e acredito que vai trazer soluções importantes tanto do ponto de vista preventivo quanto repressivo”.

 

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