O músico e compositor Edésio Santos deve estar se revirando no túmulo, foi de extremo mal gosto a decisão de contratar o cantor Rodrigão para se apresentar 23ª edição de um festival que leva o nome do músico Juazeirense. Isso numa sexta-feira 13, e para debochar da população o site da prefeitura avisa a animação da noite fica com o cantor Rodrigão, “com seu talento e irreverência apresentando um repertório especial de Música Popular Brasileira”.
Consta que o objetivo do Festival é ter composições inéditas, de todos os gêneros e estilos musicais da Música Popular Brasileira, o Edésio Santos foi criado com o objetivo de fomentar a cultura poética e musical dos artistas locais, oportunizar o intercâmbio e a troca de experiências de produção musical e cultural.
Nada contra o estilo de Rodrigão, devemos celebrar a música em toda a sua diversidade, mas um festival da canção é um outro momento musical, não cabe uma apresentação que destoe das músicas classificadas e dos artistas que se apresentarão. Se o objetivo do festival é fomentar a cultura poética e musical dos artistas locais, onde estão os artistas locais?
Algo não está bem nesse mundinho da secretaria de cultura, no aniversário da cidade pós morte de João Gilberto, atração foi Parangolé, agora inauguram a “Vila Bossa Nova”, a atração é Rodrigão. Quando se faz a crítica, a primeira reação é dizer que não gostamos de Juazeiro, será que somos nós mesmos? Tantos artistas locais com perfil e repertório que poderiam se apresentar, a SECULT para satisfazer o coroné Isaac Carvalho contrata um artista sem perfil e repertório para um festival da canção.
O artista Rodrigão poderia fazer um show a portas fechadas para o prefeito, o secretário e o superintendente de cultura, com certeza haveria uma identificação muito mais forte com as letras das músicas que ele canta, do tipo: “hoje ela está pirada, a traição do ex deixou ela revoltada… senta remexendo gostoso que Rodrigão arrebenta”, “oh, remexendo vai para o lado ou para outro”. “Ela muito saliente, vai tomar de costa, vai tomar de frente”.
Elma Luise Silva Estudante (Extraído do Blog Opara)