Lava Jato: disputa entre procuradores de SP e Curitiba acirra e pode comprometer investigações contra Temer e cúpula do PSDB

(Foto: Agência Brasil)

Após anos em que a Lava Jato de Curitiba, comandada por Deltan Dallagnol e pelo ex-juiz Sérgio Moro, deteve a competência forçada dos processos, principalmente dos casos envolvendo lideraças do PT, como a do ex-presidente Lula, uma disputa interna no Ministério Público Federal em São Paulo surge com forte potencial para afetar ações e investigações relacionadas à cúpula do PSDB, Michel Temer e ao próprio ex-presidente Lula.

Com quase uma década de atraso, o procurador Thiago Lemos de Andrade acionou o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), órgão que fiscaliza os integrantes da Procuradoria, para reclamar da forma de distribuição das investigações da Lava Jato.

De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o procurador sustenta que o material da operação que chega a São Paulo vindo de Curitiba, do Rio ou de Brasília não tem sido distribuído da forma correta. A força-tarefa da Lava Jato de Curitiba nega e diz que suas atribuições foram designadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

Caso o conselho dê aval aos pedidos do procurador, pode abrir um flanco para que as defesas dos investigados questionem a validade das apurações na Justiça e peçam a anulação dos processos.

Na Lava Jato de São Paulo, há investigações ou ações já apresentadas sobre grandes obras tocadas no estado em gestões dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, como o Rodoanel e o Metrô, e sobre familiares dos ex-presidentes Lula e Temer. Já foram apresentadas denúncias contra Serra, Lula, Temer e também contra suspeitos de serem operadores de propina como Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, e seu sucessor na Dersa, Pedro da Silva. No caso de Temer, a ação foi paralisada no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e deverá ser analisada pela quinta turma.

Além da disputa entre São Paulo e Curitiba, há uma crise entre os procuradores da Lava Jato de Curitiba e a PGR (Procuradoria-Geral da República) que teve o seu estopim com uma visita da subprocuradora Lindôra Araújo no Paraná, para obter dados das investigações.

Em agosto, o procurador-geral Augusto Aras decidirá se prorroga ou se deixa que a Lava Jato do Paraná seja desfeita. Fontes ligadas à Lava Jato do Paraná dizem acreditar que Aras não tem intenção de manter a Lava Jato e, por isso, ele se empenha em encontrar falhas na atuação da força-tarefa e tem trabalhado pela criação de um órgão central de combate à corrupção do MPF em Brasília.

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