Mais dois filhotes de ararinhas-azuis têm o nascimento divulgado

Luana Lisboa*

Animais nasceram em junho; agora, são três aves reproduzidas em cativeiro na Bahia

Mais dois filhotes de ararinhas-azuis nasceram em um cativeiro na cidade de Curaçá, no extremo norte da Bahia. Mas isso não quer dizer que o estado de extinção mudou para esses animais. Naturais da caatinga baiana, as ararinhas só sobrevivem em cativeiro, não mais em vida livre. O cativeiro, entretanto, é a única chance de restabelecimento dessa população e, por isso, motivo para comemoração dos técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da ONG Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), responsáveis pelo trabalho de reprodução das aves. Hoje, há cerca de 230 ararinhas na mesma situação.

Os filhotes são fruto de um casal que veio dentre 52 exemplares repatriados da Alemanha no ano passado. Eles nasceram nos dias 6 e 9 de junho, mas, pela fragilidade da espécia, os técnicos só optaram por divulgar a notícia agora. “Os animais filhotinhos são mais sensíveis, são mais suscetíveis a morrerem, então a gente divulga quando temos certeza que os filhotes vingaram”, explica a médica veterinária e analista ambiental do ICMBio, Camile Lugarini.

Esse foi o caso do filhotinho do mesmo casal que havia nascido no dia 13 de abril, mas que acabou morrendo naturalmente. Felizmente, dois dias depois, mais uma ararinha-azul nasceu. Agora, são três aves reproduzidas em cativeiro na região 21 anos após a espécie ter sido considerada extinta na natureza.

“A ararinha não é uma espécie de fácil reprodução, mas, devido ao grande investimento em tecnologia e considerando os aspectos da genética, desde 2013, os mantenedores começaram a investir em inseminação artificial, bons pareamentos e hoje estamos colhendo bons frutos”, diz Camile.

Um dos passos era estabelecer esse centro de reprodução na área de ocorrência histórica onde a espécie existia. O local foi estabelecido em 2020 e faz parte de um plano de ação nacional para a conservação da espécie. Ele é mantido pela ONG alemã ACTP, que, entre as décadas de 1960 e 1980, colecionava a espécie, mas, com a extinção da ararinha-azul, resolveram repatriá-la.

Além do norte da Bahia, outro local é criadouro: a Fazenda Cachoeira, em Minas Gerais. Segundo a analista do ICMBio, entre 2019 e 2020, foram registrados 18 nascimentos no estado.

A pouco mais de 150 km de Curaçá, na cidade de Canudos, as ararinhas também têm recebido atenção. Mas não por uma boa causa. Uma petição online que já reuniu mais de 46 mil assinaturas no Brasil, França e Estados Unidos tenta, desde o início do mês, impedir a construção de um complexo eólico na região.

O argumento é que o empreendimento, liderado pela multinacional francesa Voltalia, pode colocar em risco a vida das cerca de 900 araras-azuis-de-lear que habitam a região, onde o complexo será construído e que engloba a Estação Biológica de Canudos, área de preservação das aves instituída pela Fundação Biodiversitas, que se dedica à conservação de espécies ameaçadas de extinção há cerca de 30 anos.

Em resposta aos assinantes da petição, a empresa Voltalia Energia do Brasil afirmou que “possui todas as licenças necessárias para a fase atual do parque eólico e que já realizou e permanece realizando diversos estudos para avaliação e monitoramento de potenciais impactos na região, com propostas de ações de controle e preservação, reafirmando seu compromisso com o meio ambiente”.

A Voltalia também acrescentou que está ciente da petição e aberta ao diálogo, como produtora de energia limpa, com projetos alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e que reforça o seu respeito à biodiversidade e ao Brasil, “país onde está presente há mais de 15 anos”.

Fonte: Correio

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