Maria Cristina Frias acusa irmão e diretores da Folha de enriquecerem enquanto cortam 25% do salário dos jornalistas na pandemia

Maria Cristina Frias e Luis Frias, do Grupo Folha

Em mais um capítulo da longa batalha judicial entre os irmãos herdeiros do Grupo Folha, Maria Cristina Frias entrou com uma ação judicial para reclamar que não está sendo cumprida a decisão que deu a ela o poder financeiro sobre a empresa e pedir a demissão de Judith Brito, diretora-superintendente do Grupo Folha, a quem acusa de beneficiar seu irmão, Luis Frias, e atuar em prol de seu próprio enriquecimento.
A jornalista perdeu o cargo de diretora de redação e está afastada do grupo há cerca de dois anos. O irmão, Luis Frias, que é dono da Folha e do PagSeguro, renunciou ao comando do jornal em agosto do ano passado.

Em outubro de 2020, Maria Cristina, titular de mais de 5% das ações preferenciais e de mais 1/10 das ações ordinárias, conquistou o direito de controlar as finanças da companhia, inclusive instalando um Conselho Fiscal. Ela argumenta agora, porém, que o Conselho vem sendo obstruído e que há recusa no fornecimento de documentos e informações sobre a contabilidade da empresa.

Sobre Judith Brito, ela assinala: “a administradora vem esvaziando o patrimônio da Companhia para beneficiar Luis Frias e suas outras empresas, e agora a si própria, tendo agido para viabilizar a auto concessão de um aumento de remuneração de até 3 milhões”. E acusa ainda a diretora-superintendente de “sonegar informações escancaradamente para prejudicar o funcionamento do Conselho Fiscal”.

Cortes de salários

Entre outros fatos novos que comprovam o descumprimento do acordo entre os acionistas, Maria Cristina Frias cita o acréscimo substancial na remuneração dos admnistradores – “com base em metas vagas e sem transparência”. Segundo a ação, “já foram dispendidos R$2,7 milhões apenas nos primeiros 4 meses [de 2021], com apenas 3 diretores, ao passo que, no exercício anterior inteiro, foram R$4,9 milhões com 4 diretores”.

“E aqui com requintes de crueldade, tendo em vista que, em meio às restrições orçamentárias do último ano — e tendo a administração se recusado a reivindicar os dividendos que a FolhaPar/OFL deve à Folha de S.Paulo —, a administração decidiu se valer de Medida Provisória editada pelo Governo Federal no contexto da pandemia (cf. doc. 09) para cortar 25% dos salários dos jornalistas(!). Os diretores, porém, não apenas mantiveram sua remuneração integral, como ainda premiaram a si próprios com aumento em sua remuneração variável, com base em “metas” vagas e sem transparência — o diretor Sérgio Dávila, v.g., recebeu um incremento de 39% do que costumava ser a remuneração variável do diretor de Redação”.

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