Um dia após deputados da Assembleia Legislativa do Rio serem unânimes em aprovar a abertura oficial do processo de impeachment contra o governador afastado Wilson Witzel, ele usou seu perfil oficial no Twitter para voltar a se defender. Em postagem feita na manhã desta quinta-feira, ele disse que está sofrendo um “linchamento moral e político a partir da palavra, sem provas, de delatores, ou seja, de bandidos confessos.” Witzel afirmou enfrentar o processo “de cabeça erguida”.
Enfrento esse processo de impeachment de cabeça erguida porque nunca compactuei com a corrupção em toda a minha vida. Provarei minha inocência mesmo sofrendo um linchamento moral e político a partir da palavra, sem provas, de delatores, ou seja, de bandidos confessos.
Em outro tuíte, ele aponta que o estrago em sua imagem política já foi feito e cita o que seria um erro por parte da Alerj: “E, infelizmente, a Alerj, pressionada pelas redes sociais, está cometendo um grande erro, cuja História há de demonstrar”.
O momento mais tenso durante a votação foi a defesa de Witzel, feita por vídeoconferência antes do placar. Ele disse que está sendo perseguido, acusou os parlamentares de omissão e concluiu afirmando que o Estado do Rio está tomando por máfias.
— Agora, nesse momento, o bandido do Edmar Santos (ex-secretário de Saúde, que fez delação premiada e o acusa) está solto e tomando vinho — disparou Witzel, que também atribuiu o que chamou de julgamento precipitado, com base em uma investigação falha, à sua briga com o presidente Jair Bolsonaro, de quem foi aliado.
Apesar das palavras contundentes, usadas por um Witzel visivelmente emocionado, a votação, que começou logo após seu discurso, foi rápida. Todos os 69 votaram a favor do impeachment, seguindo o relatório de Rodrigo Bacellar (Solidariedade). O ex-juiz federal, que se elegeu com a bandeira a nova política, uniu em torno da tese de sua possível perda de mandato oposição, governistas e integrantes de seu próprio partido, o PSC.
Agora, a denúncia de crime de responsabilidade contra Witzel segue para o Tribunal de Justiça. Na sexta-feira, sai o edital para os deputados se candidatarem às cinco vagas na comissão mista que também será integrada por cinco desembargadores do TJ, escolhidos por sorteio. Caberá a eles, depois de 180 dias, a palavra final sobre o destino político de Witzel. À frente, estará o presidente do órgão, o desembargador Claudio de Mello Tavares. Para ter o mandato cassado, se tornando o terceiro governador a perder o cargo na história recente de escândalos de corrupção que assolam o Rio, são necessários dois terços dos votos, ou 7 dos 10 integrantes.