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Foto: Estevam Costa/PR |
A desnutrição alimentar, um dos principais problemas na área do desenvolvimento humano e que ainda atinge o Brasil, levou ao internamento de 516 pessoas em Pernambuco durante o ano de 2024. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Ministério da Saúde. Apesar disso, o Estado ainda está entre as cinco unidades da Federação que mais reduziram esses internamentos.
Segundo o levantamento, houve uma redução é de 20% em relação ao ano de 2023. De acordo com a gestão estadual, este é o menor número desde o início da série histórica, em 2008. Na listagem do Ministério da Saúde, Pernambuco ficou atrás apenas de Alagoas (48%), Roraima (47%), Paraíba (29%) e Amapá (27%).
Mesmo em um indicador que mostra queda nos casos, Recife foi a cidade que mais contabilizou pessoas em situação de desnutrição: ao todo foram 53. De acordo com o secretário executivo de Combate à Fome de Pernambuco, Felipe Medeiros, a Região Metropolitana fica na frente devido ao tamanho da população. Em Jaboatão dos Guararapes foram registradas 20 internações e, em Olinda, 17.
“A gente tem uma condição de pobreza na Região Metropolitana porque ela concentra metade da população do Estado. Sobretudo nessas cidades no entorno de Recife que têm uma rede de serviços menor, não tem tanta industrialização e são cidades de dormitório. Então, elas têm mais gente morando em condições precárias. Tudo isso influencia”, explica Felipe Medeiros. O secretário executivo ainda pontua que a Zona da Mata exige uma atenção diferenciada por ser uma localidade afetada pela pobreza, intensificada durante a pandemia de covid-19.
“Os 516 casos ainda são um número muito alto, mas se a gente pensar na série histórica e observar, quase todos os municípios de Pernambuco teve essa redução também. As principais barreiras hoje são: garantir o acesso à alimentação para a população mais vulnerável; que as crianças em idade escolar estejam na escola, porque a gente sabe a importância da merenda escolar; o acompanhamento das condicionalidades do programa Bolsa Família que acompanha crianças de 0 a 6 anos e gestantes; e a mobilização social para reduzir o desperdício de comida, que ainda é um desafio muito grande”, pontua.
Combate à fome e desnutrição
Felipe Medeiros atribuiu a colocação de Pernambuco no ranking do Ministério da Saúde às políticas integradas adotadas pelo Estado em parceria com os municípios. “Na gestão da governadora Raquel Lyra, nós triplicamos o número de cozinhas comunitárias, inaugurando equipamentos por todo o Estado, e garantimos um reforço de R$ 300 na renda das cem mil mães mais vulneráveis de Pernambuco. Essas iniciativas, aliadas ao fortalecimento da merenda escolar, ao fomento da agricultura familiar e ao bom momento econômico que temos testemunhado, têm impacto direto na redução dos casos de desnutrição”, destacou.
Segundo o balanço informado pelo Governo do Estado, já foram servidas 11 milhões de refeições em 183 Cozinhas Comunitárias, sendo que 128 foram inauguradas pela atual gestão. No caso do programa Mães de Pernambuco, mais de 111 mil mulheres em situação de extrema pobreza responsáveis por crianças de até seis anos já foram beneficiadas até o momento. Ao todo, R$ 267 milhões já foram repassados por meio da iniciativa.
Brasil deixa Mapa da Fome
O Brasil saiu do “Mapa da Fome” em 2014 e sustentava a posição até 2018. Mas com o crescimento da pobreza, extrema pobreza e crescimento da insegurança alimentar e nutricional, o País entrou novamente na lista no triênio 2019-2021 e se manteve no triênio 2020-2022. A desnutrição é diagnosticada quando há uma deficiência de calorias ou proteínas, que estão diretamente relacionadas com o consumo de alimentos. Ocorre quando a ingestão de calorias é insuficiente para manter o corpo ativo.
Crianças que sofrem com este problema estão mais propensas a doenças infecciosas, baixo desempenho escolar, complicações no desenvolvimento psicomotor, além de uma menor capacidade de produção quando adultas. Entre os principais causadores da desnutrição estão a pobreza, analfabetismo, desnutrição materna, falta de acesso a serviços de saúde e programas de atendimento direcionados e falta de infraestrutura, como moradores de áreas remotas sem acesso à água potável e saneamento básico.
“A gente tem, por exemplo, a desnutrição associada a outras doenças crônicas, doenças gastrointestinais, câncer e mal de Alzheimer, que eventualmente estão associadas à desnutrição. E é por isso que nenhum estado consegue zerar esse indicador”, complementa Felipe Medeiros.