Petrobrás perde “chance de ouro” com veto do Ibama, diz Jean Paul Prates
Presidente da estatal diz que uma das alternativas é tentar explorar petróleo na Guiana, mas sem as mesmas condições
O presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, disse que a estatal ainda vai tentar reverter a decisão do Ibama que a impede de prospectar petróleo na Margem Equatorial (litoral próximo à Amazônia), mas alerta que a empresa poderá perder uma “oportunidade de ouro”, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, concedida à jornalista Denise Luna. “Em primeiro lugar, nós não perdemos a esperança, porque, no processo de licenciamento, que não é judicialização, existe o processo do recurso no próprio processo, um pedido de reconsideração em âmbito administrativo. Tem um relatório que indefere a licença e você faz um pedido de reconsideração. É como dizer: dá uma olhada para saber se você quer fazer isso”, disse ele. “A não ser que o próprio Ibama diga: espera aí mais uns dez dias que eu vou realmente fazer uma reconsideração e mandar o resultado. Mas, fora uma manifestação como essa, a gente teria que retirar a sonda de lá. A partir da semana que vem começa a desmobilizar para sair”, acrescenta.
Prates contesta um argumento apontado pelo Ibama sobre impacto a populações indígenas. “O que eu acho é que o Ibama colocou ali no documento que não teve manifestação da Funai. Mas não teve porque o próprio Ibama entendeu (no governo anterior) que não vai ter impacto direto (nas comunidades indígenas), porque está em alto-mar, a 175 km da costa, e o aeroporto não é uma instalação nova, ele é homologado pela Anac, tem licença de operação. Estava sendo ampliado dentro dos seus limites”, afirma.
O presidente da empresa também lembra o histórico da empresa. “Não existe outra empresa no mundo mais habilitada para fazer essa operação do que a Petrobras. A Petrobras não tem nem um acidente em perfuração de poços em terra, águas rasas, águas profundas, ultraprofundas. Nunca houve vazamento de nenhum poço de perfuração. É um registro histórico exemplar”, afirma. “É uma chance de ouro que se perde. Se o Ibama não mantiver o processo aberto, se ele arquivar a licença definitivamente, ele sepulta o processo e a gente tem que começar tudo de novo, e podemos inclusive devolver o bloco para a Agência Nacional do Petróleo”, aponta.
Prates apontou a alternativa caso o veto seja mantido. “Nós temos também a possibilidade de voltar a nos internacionalizar um pouco em relação à Guiana, em relação a outros lugares. Talvez diante da impossibilidade de furar na foz, a gente possa testar alguma coisa na Guiana e Suriname. A pena é que lá a gente vai ser mais um. Aqui a gente é a estatal do pedaço”, aponta.