“Eu ainda era criança quando entendi a dimensão do meu avô, Miguel Arraes, para a História do Brasil. Lembro de ter ficado impressionada no funeral dele ao ver aquele mundaréu de gente que acompanhou a família durante todo o velório com uma emoção genuína estampada no rosto. Até então, pra mim, ele era o avô carinhoso que sempre encontrava tempo para um afago ou uma brincadeira.

Quando nem se usava a palavra empatia, Arraes já se colocava no lugar do povo mais necessitado, do homem e da mulher do campo, para olhar no olho de cada uma e de cada um, ouvir as suas demandas, acolher e agir para viabilizar as transformações necessárias. Foi um defensor incansável dos direitos dos trabalhadores, da reforma agrária e da educação pública de qualidade. Desse compromisso, nasceram programas emblemáticos, como o Chapéu de Palha, a eletrificação rural e o Vaca na Corda, entre tantos outros.

Há quase 60 anos, Arraes foi deposto do governo de Pernambuco, preso e obrigado a ir para o exílio pela ditadura militar instaurada no Brasil por meio de um golpe. Voltou como o grande líder que sempre foi. Desempenhou papel crucial na formação da Frente Ampla pela redemocratizacão. No dia 31 de março de 1983, promoveu a primeira manifestação pública a favor das Diretas Já! no País.

Precisamos sempre lembrar, para não esquecer! Para que nenhuma aventura golpista vergonhosa, como a que assistimos no 8 de janeiro deste ano, volte a ocorrer.

Tenho muito orgulho do legado do meu avô. Com ele, aprendi a importância de defender a democracia, os ideais progressistas e as causas populares. Arraes vive na herança e no exemplo de integridade e coragem política que nos deixou. É inspiração para todas e todos nós que buscamos construir um Brasil mais justo e igualitário. O papel dele na redemocratização, sua história e suas ações me encorajam a seguir na luta por liberdade, desenvolvimento e enfrentamento às desigualdades.

Viva Arraes! Viva a democracia! Diretas Já e sempre!”