Produtos da Páscoa sobem o triplo da inflação, mesmo com início de desaceleração de custos

Os itens mais consumidos neste período tradicional registraram aumento médio de 12%

Entre os produtos que mais subiram, destacam-se os ovos (27,31%)
Entre os produtos que mais subiram, destacam-se os ovos (27,31%) – Foto: Divulgação
Quem está se preparando para receber a família na Semana Santa, vai notar que a inflação atingiu os principais produtos da mesa da Páscoa. Os itens mais consumidos neste período tradicional registraram aumento médio de 12%, em comparação com o ano passado. A taxa ficou bem acima da inflação acumulada entre abril de 2022 e março deste ano registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S) da 3ª quadrissemana, que foi de 4,81%. A pesquisa foi divulgada pelo Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) e mostra que os itens mais tradicionais do almoço de Páscoa tiveram forte aceleração em relação ao ano passado.

Entre os produtos que mais subiram, destacam-se os ovos (27,31%), a cebola (22,76%) e alguns industrializados como: bolo pronto (14,51%), atum (12,97%), sardinha em conserva (11,46%) e bacalhau (10,91%). Estrela do período pascal, os bombons e chocolates também tiveram variação expressiva, mas um pouco abaixo desse primeiro escalão: avançou 9,65%. Nenhum dos itens da cesta recuou de preço nos últimos 12 meses e apenas dois subiram abaixo da inflação geral: batata inglesa e couve, ambos com percentual de 2,23%.

A economista e pesquisador do FGV IBRE, Matheus Peçanha, responsável pelo estudo, analisa o cenário que nos trouxe até aqui: “Desde 2020 até o terceiro trimestre do ano passado, vivemos um período de pressão sufocante de custos: problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no país”, explica.

 

Ele destaca que, a última “entressafra” do leite, no inverno passado, foi particularmente danosa para a inflação do produto, matéria-prima importante dos chocolates, por exemplo. “A partir do último trimestre de 2022, os custos começaram a desacelerar: o clima melhorou junto com a produtividade do campo, os preços das commodities despencaram, mas quando olhamos o acumulado dos 12 meses, percebe-se que ainda não foi o suficiente para compensar o cenário anterior, além de alguns problemas esporádicos de oferta, como é o caso da cebola e dos ovos”, observou.
O economista destacou, ainda, que o consumidor deve ficar atento em relação aos preços praticados nos próximos dias. “A pesquisa não mostra, em definitivo, a elevação dos itens de Páscoa que o consumidor vai encontrar. Só medimos o que aconteceu com os preços dessa cesta específica nos últimos 12 meses, até março deste ano. Por exemplo, além do aumento já registrado de 5,18% do pescado fresco e 10,91% do bacalhau, os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda, dada a pressão sazonal da demanda às vésperas da Páscoa. Além disso, itens não contemplados no escopo do IPC, como os ovos de Páscoa e colombas pascais, devem sofrer igualmente com essa pressão de demanda pela tradição”, acrescentou Peçanha.

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